Capitulo pequeno e não revisado.
Minha mãe ficou me olhando o tempo inteiro na viajem para o shopping. Talvez ela desconfiasse que eu não tinha dormido bem. Na verdade eu não dormir. Fiquei me remoendo por muito tempo até o sol finalmente invadir o quarto e depois decidi levantar.
Não tinha nada para fazer até minha mãe acordar e eu mentir que também tinha acordado. Depois do café, eu não tinha o que fazer, a não ser ficar remoendo meu sonho maluco. E, acredite, eu não queria. Lembrar daqueles olhos me olhando tão profundamente me dava náuseas.
Fingi prestar atenção na paisagem que eu não via a muito tempo. Não morávamos tão longe do centro, mas nosso bairro era residencial, então não tínhamos muitas lojas perto de casa. Eu conseguia ver o jeito que minha mãe me olhava pelo canto do olho. Ela ficava alternando entre a estrada e a mim, batendo os dedos no volante.
– Você está bem, querida? – ela me perguntou sorrindo.
– Sim – tentei ser o mais convincente possível.Talvez ela tivesse acreditado, ou não. Mas isso não pareceu o bastante para ela.
– Olhe, eu sei que isso tudo é muito confuso – ela olhava para frente, esticando os braços sobre o volante, talvez pegando confiança – Mas daqui para frente as coisas irão melhorar, tá bom? Logo você irá se acostumar de novo.
– Mamãe, eu estou bem, serio – menti, tão bem que ela olhou para mim e sorriu – Talvez eu tenha me esquecido de como as coisas eram antes e, acredite, isso é bom. Eu quero ter uma vida nova agora. E está tudo bem, mesmo.Eu vi que ela ficou feliz. Minhas palavras a alegraram, então eu pude ter um pouco de paz na minha consciência. Grande parte de mim só estava aqui, hoje, pela minha mãe. Pelo o que ela aguentou por mim e sua paciência. Eu não queria faze-la sofrer de novo.
Antes de ir, nós tínhamos feito um acordo. Não iriamos tocar no assunto das brigas, isso nos consumia muito. Relembrar toda aquela dor iria ser, provavelmente, um modo para retoma-las. E eu não gostaria de viver aquilo, nunca mais.
Ela estacionou o carro no estacionamento aberto, cantarolando alguma coisa. Minha mãe estava feliz, e eu queria que isso continuasse. Se ela estava feliz, para mim estava bom. Eu iria conseguir sobreviver se as pessoas que estivessem comigo estivessem feliz. Eu iria tentar e mesmo não conseguindo, essa era minha unica saída.
Uma lufada de ar quente nos atingiu. Isso me deixou mais para baixo. Calor estava sendo a ultima coisa que eu queria sentir, acho que não gostava mais. Eu queria o frio, a sensação de frescor. Contudo, desde que cheguei aqui, não tive isso.
Mamãe foi me guiando para dentro do shopping, não que não soubesse o caminho, mas ela agia como se nós nunca tivéssemos ido lá juntas. A ultima vez foi há muito tempo... mal me lembrava de coisas assim. Mãe e filha.
– Acho que você precisa de roupas de verão – ela disse, pegando nos meus ombros assim que entramos.Cheio.
O shopping estava cheio. Aquele murmurio alto de sempre, uma falação abafada. Meus olhos apitavam muita coisa ao mesmo tempo. Eu deveria está acostumada com a calma de outro país.
Felizmente fui salva pelo ar condicionado, que estava me ajudando demais. Aquilo não estava frio, estava perfeito. Minha mãe continuava falando sobre as lojas e falando de quando vinha sozinha, me imaginando dentro de vestidos. Eu quis prestar atenção, mas isso pareceu doloroso demais.
– Hm, o que tem de errado com as minhas roupas? – perguntei, cortando-a em uma frase.
– Eu acho que estão todas fechadinhas demais – Helena disse e eu ri por dentro.Normalmente as mães querem mesmo é que as filhas se cubram, mas minha mãe estava me mandando usar roupas mais bertas. Ela olhou para mim e tenho certeza que notou minha cara de espanto.
– Quero dizer que todas tem mangas, tecidos pesados... – ela olhou as vitrines – E além do mais, você têm muitos casacos.
– Eu gosto das minhas roupas, mãe – mordi o lábio.Se eu gostava das minhas roupas, por que teria vindo aqui?
Talvez porque, depois de muito tempo, eu estivesse saindo com a minha mãe. Vivendo coisas que há muito tempo não vivíamos. Eu gostava muito, muito de te-la por perto. Isso me fazia bem, conseguia sentir. E, aproveitando que estava tudo bem, passar mais um tempo com ela iria ser bom. Tudo isso parecia ser novo... uma coisa inexplorada por nós.
– Mas não reclame se morrer de calor com todos esses planos – ela conseguiu soltar um sorrisinho.Parece que os planos dela foram ralo abaixo. Enquanto andávamos, eu via nos seus olhos que ela queria encontrar outra forma de passar o tempo comigo. Mamãe tinha tirado uma folga no hospital para me receber, então eu não achei justo eu simplesmente renegar isso tudo. Se eu queria um novo começo, teria que construí-lo.
– Tem razão – eu disse, apertando os olhos e fazendo uma careta – Eu realmente preciso de roupas de verão.Talvez ela começasse a achar que eu tinha voltado bipolar, mas e daí? Eu suportaria tudo para passar mais tempo com ela.
£££
Fiquei observando as bolças que se empoeiravam no lugar em que minha mãe deveria estar, pensando se eu realmente usaria aquilo tudo. Ok, ela tinha comprado tudo de coração e com um bom gosto inquestionável, mas eu não me via dentro daquelas roupas. Cheguei até pensar que não me reconhecia.
Pensando bem, não me reconhecia mesmo. Há seis meses tudo era completamente diferente. Essa sena de mãe e filha nunca passaria pela minha cabeça, meu estado emocional era muito mais frágil (tudo bem que meu emocional não esteja forte agora, mas pelo menos eu consigo conversar com as pessoas sem chorar) e tudo isso sobre meus gostos de roupas e temperatura eram diferentes.
Pensando bem, não me reconhecia mesmo. Há seis meses tudo era completamente diferente. Essa sena de mãe e filha nunca passaria pela minha cabeça, meu estado emocional era muito mais frágil (tudo bem que meu emocional não esteja forte agora, mas pelo menos eu consigo conversar com as pessoas sem chorar) e tudo isso sobre meus gostos de roupas e temperatura eram diferentes.
Então, sim, boa parte de mim sofreu um grande colapiso.
Enquanto eu estava distraída pensando sobre minha trágica vida, meu pedido chega assim como o de Helena, mas ela teve de ir ao banheiro. Observo a praça de alimentação vazia, em uma tarde de terça-feira.
E assim, caio na maior cilada.
Me pego imaginando como eu estaria agora, se estivesse na George Clark.
Claro que com o horário, lá já passa muito das 3 dá tarte, mas mesmo assim tento fazer uma visualização quase perfeita de mim, assistindo a aula de literatura da sr. Muller. A sala em silêncio, escutando sua voz melosa e meio falhada pela velhice.
E, na minha quase perfeita visualização, há uma coisa perfeita. Alguém.
Na sala de aula, vacilo e olho para o lado. O rosto perfeito de Zayn sorri para mim, enquanto eu estava jogada sobre a mesa. Lá, respiro fundo e me derreto enquanto continuo olhando para seu rosto. Perfeito, sem nenhum erro. Sinto meu corpo esquentar apenas por visualizar aquele rosto. Minhas pernas bambas e um sorriso bobo se formam em meus lábios.
Era assim em todas as aulas que fazíamos dupla. Todas. Em todas que ele estava no meu lado eu era feliz. Me sentia inteira e feliz. Completa.
E, como sempre, caio em mais uma cilada.
Lembrando dos desenhos, lembro das lembranças que os ligam a mim. Lembro-me de Mystical Arts e de todas aquelas pessoas. Lembro de estar com Zayn e me sentir feliz. E é ai que a coisa aperta. Lembrar de Zayn me faz bem quando as memorias chegam, mas depois de um tempo, fico tão mal que tenho vontade de chorar.
Mas eu tenho que me controlar. Não posso cair nesse covil de pensamentos.
Respirei fundo e me entreguei ao que passava na televisão, mas mesmo assim eu daria tudo para ver aqueles desenhos mais uma vez. Observar os traços perfeitos de Zayn no papel era tudo que eu queria.
Enquanto eu estava distraída pensando sobre minha trágica vida, meu pedido chega assim como o de Helena, mas ela teve de ir ao banheiro. Observo a praça de alimentação vazia, em uma tarde de terça-feira.
E assim, caio na maior cilada.
Me pego imaginando como eu estaria agora, se estivesse na George Clark.
Claro que com o horário, lá já passa muito das 3 dá tarte, mas mesmo assim tento fazer uma visualização quase perfeita de mim, assistindo a aula de literatura da sr. Muller. A sala em silêncio, escutando sua voz melosa e meio falhada pela velhice.
E, na minha quase perfeita visualização, há uma coisa perfeita. Alguém.
Na sala de aula, vacilo e olho para o lado. O rosto perfeito de Zayn sorri para mim, enquanto eu estava jogada sobre a mesa. Lá, respiro fundo e me derreto enquanto continuo olhando para seu rosto. Perfeito, sem nenhum erro. Sinto meu corpo esquentar apenas por visualizar aquele rosto. Minhas pernas bambas e um sorriso bobo se formam em meus lábios.
Era assim em todas as aulas que fazíamos dupla. Todas. Em todas que ele estava no meu lado eu era feliz. Me sentia inteira e feliz. Completa.
– Dormindo? – a voz de Helena invadiu meu deslumbre, me fazendo lembrar que ela nunca estaria em uma sala na George Clark.Pisco algumas vezes e percebendo que estava de olhos fechados, talvez até babando. Engoli a seco e sorri.
– Não – resmungo,Até pensei em responder uma coisa parecida com: Não, mãe, apenas sonhando com o garoto que não consigo tirar da minha cabeça desde que eu cheguei aqui, cujo eu namorei e enganei a todos, até a você. E agora, como se não fosse mais possível, estou tendo sonhos alucinantes com ele. Porque talvez ele seja o Deus grego encarnado!
– Hum – ela disse, já sentada e observando a comida – Eu adoro esse prato. Quando eu fico casada da minha comida, resumida em três pratos diferentes, venho aqui.Eu a observo desembrulhar os talheres tentando encontrar alguma coisa para dizer, mas apenas me vejo vagando sobre como era a vida dela antes de eu voltar. Helena nunca teve muitas amigas e nem muitos parentes. Então eu me perguntei como era a vida dela... será que ela só falava com Lindsay fora as pessoas do hospital?
– Deve ser muito bom mesmo – sussurrei sem graça.Olhei para meu prato repleto de comida, mas perdi a fome.
£££
Tentei não ficar pensando na minha vida enquanto via televisão, ou tentava. Lindsay estava sentada ao meu lado, segurando um barril de pipocas. Desde que cheguei do shopping com minha mãe ela se empoeirou no sofá, contando mais sobre à escola.
Jack tinha se recuperado no bimestre, mas não gostava de faltar a aula de futebol. Já Lindsay tinha faltado sua aula de natação, para ficar a tarde inteira comigo.
Ela enchia a boca de pipoca mas continuava falando, e mesmo que eu quisesse, não conseguia entender o que ela falava.
E, na realidade, em vez de esquecer esse assunto completamente idiota de Lindsay, fiquei o remoendo. Bom, mais a parte de fazer aulas de desenho. Comecei a considerar. Eu me sentia atraída por isso, talvez porque meu passado recente na George Clark tenha sido ligado com os desenhos.
Me senti estranhamente alegre em lembrar dos desenhos, ainda mais de quem os desenhava.
Tentei recuperar na memoria onde tinha metido os desenhos que ele tinha feito para mim, mas eu não conseguia. Eu me lembrava deles, mas de um ponto minhas lembranças de onde eu os guardada some.Jack tinha se recuperado no bimestre, mas não gostava de faltar a aula de futebol. Já Lindsay tinha faltado sua aula de natação, para ficar a tarde inteira comigo.
Ela enchia a boca de pipoca mas continuava falando, e mesmo que eu quisesse, não conseguia entender o que ela falava.
– E então? – ela me fitou, com o rosto sorridente.
– Han? – engoli a seco e pisquei.Ela revirou os olhos se endireitou no sofá.
– O que você acha de se escrever no clube? – sua voz pareceu cansada de dizer essa frase – Isso seria incrível.Eu ri e coloquei o cabelo para traz.
– Eu? No clube?
– É. Imagina nós três no clube? Seria muito legal. E isso também vai te tirar de casa, você vai conhecer mais pessoas.
– Lindsay, eu não sei fazer nada lá. E além do mais, eu gosto de ficar em casa.
– Vai ser legal. E também há tantos cursos que eu nem sei todos. Tem natação, futebol, dança, tênis, aula de desenho, tiro ao alvo...
– Aula de desenho? – perguntei, mesmo não sabendo o porquê.
– Sim, mas eu não levo jeito pra isso – ela olhou para mim, com os olhos pidões – Vamos, por favor.
– Não sei não.Resmunguei e voltei meus olhos para a televisão.
E, na realidade, em vez de esquecer esse assunto completamente idiota de Lindsay, fiquei o remoendo. Bom, mais a parte de fazer aulas de desenho. Comecei a considerar. Eu me sentia atraída por isso, talvez porque meu passado recente na George Clark tenha sido ligado com os desenhos.
Me senti estranhamente alegre em lembrar dos desenhos, ainda mais de quem os desenhava.
E, como sempre, caio em mais uma cilada.
Lembrando dos desenhos, lembro das lembranças que os ligam a mim. Lembro-me de Mystical Arts e de todas aquelas pessoas. Lembro de estar com Zayn e me sentir feliz. E é ai que a coisa aperta. Lembrar de Zayn me faz bem quando as memorias chegam, mas depois de um tempo, fico tão mal que tenho vontade de chorar.
Mas eu tenho que me controlar. Não posso cair nesse covil de pensamentos.
Respirei fundo e me entreguei ao que passava na televisão, mas mesmo assim eu daria tudo para ver aqueles desenhos mais uma vez. Observar os traços perfeitos de Zayn no papel era tudo que eu queria.
£££
Passei o dia seguinte arrumando todas as minhas coisas. Começando por minhas malas, que estavam parecendo um ninho.
Minha mãe tinha ido trabalhar logo depois do almoço, me deixando a tarde inteira sozinha. E acredite, eu a agradeço demais por isso. Precisava de um tempo eu e eu. É muita confusão para poucos dias, muitas mudanças. Respirar um pouco seria bom.
Desembrulhei a mochila, cadernos e toda a bugiganga escolar que minha mãe tinha comprado para mim no shopping, respirando fundo para não surtar. Minhas aulas iriam começar logo, eu tinha pouco tempo antes que aquilo tudo começasse outra vez.
Arrumei tudo o que eu precisa e guardei o material escolar. Não queria olhar aquilo.
A tarde estava acabando. Lembrei-me que Helena chegaria as 9h, então eu teria que tratar de fazer o jantar, embora não tivesse nenhuma pretensão de comer.
Dei mais uma checada no quarto e para uma mala recheada de objetos.
Olhei para tudo que eu trouxe, sentindo um arrepio bizarro. Ali, no meio do meu quarto com tudo isso, me senti fraca.
Isso não pertencia a mim aqui, pertencia à garota que morava na George Clark.
Isso não era daqui, era de lá.
E eu também.
Mas não poderia pensar assim. Eu estava de volta e não poderia fazer nada para que isso não tivesse acontecido. Eu estava aqui e teria de viver conforme antes – tirando as brigas e minha cabeça fora do lugar.
Consegui colocar a maioria das roupas no armário e encher as gavetas. Olhei para minha comoda, que não tinha nenhum objeto sequer. À mala que ainda estava na cama, mostrava-me objetos que decoravam minha escrivaninha no meu dormitório. Eu não poderia coloca-los ali, não era o lugar deles.
Puxei a única coisa que eu fazia questão de ver todos os dias; meu despertador azul.
Eu o via todos os dias antes de levantar. Fazia parte da minha rotina. Acho que pelo menos isso eu poderia manter.
O coloquei bem no meio de minha comoda, lisa e em nada. Apenas isso e pronto. Minha decoração estava pronta. Não gostaria de decorar aquele quarto, parecia algo de outra pessoa. Eu não poderia mexer.
Fechei à mala o mais rápido possível e a coloquei na parte superior do armário, longe dos meus olhos.
Observei os dois sentados na bancada da cozinha, enquanto jogava molho na panela.
Eu poderia dizer que eles estavam empolgados com a minha volta, conseguia sentir. E eu estava feliz de passar um tempo com eles novamente, mas isso não parecia o suficiente. Eles eram meus amigos, meus irmãos para sempre, contudo, me sentia cada vez mais triste.
Se a minha única certeza era ter de viver aqui, teria que abrir minha mente. Suportar o que tivesse. Se eles estivessem feliz, eu iria ficar. Eu já tinha esse pensamento na cabeça há um bom tempo, e tinha certeza que daria certo.
Todos esses pensamentos estavam me deixando sem ar, como se meus pulmões não conseguissem fazer seu trabalho. Eu estava de volta a aquela sensação de vazio que me dominava todas as vezes que o assunto da minha volta surgia. As coisas pareciam girar.
Era bom saber que ela confiava em mim. E eu também confiava.
Agora oficialmente eu estava preocupada, porque discutir sobre minha segurança e volta as aulas era estranho. Todo mundo estava trabalhando para meu bem estar. Eu tinha de confiar que tudo daria certo.
Abri a gaveta da escrivaninha e lá estava minha transferência. Maldita.
Estava prestes a dar meia volta quanto meu bolso da calça começou a vibrar. Meu celular. Fiquei estática, e o retirei do bolso.
Porque eu sabia, sabia quem era ele. E não aguentaria.
Deixei que o telefone caísse no chão, lutando para que meu corpo não fizesse o mesmo. Parecia que um vão se criou dentro de mim, dando-me uma dor insuportável. Me curvei e pus a mão na barriga, tentando parar com a dor. Eu não conseguia controlar meu choro, estava sufocante.
Levantei à cabeça, como ato de suplica para Deus ou qualquer outra coisa que estivesse me causando dor.
Lindsay estava na porta, olhando para mim.
CONTINUA...
Minha mãe tinha ido trabalhar logo depois do almoço, me deixando a tarde inteira sozinha. E acredite, eu a agradeço demais por isso. Precisava de um tempo eu e eu. É muita confusão para poucos dias, muitas mudanças. Respirar um pouco seria bom.
Desembrulhei a mochila, cadernos e toda a bugiganga escolar que minha mãe tinha comprado para mim no shopping, respirando fundo para não surtar. Minhas aulas iriam começar logo, eu tinha pouco tempo antes que aquilo tudo começasse outra vez.
Arrumei tudo o que eu precisa e guardei o material escolar. Não queria olhar aquilo.
A tarde estava acabando. Lembrei-me que Helena chegaria as 9h, então eu teria que tratar de fazer o jantar, embora não tivesse nenhuma pretensão de comer.
Dei mais uma checada no quarto e para uma mala recheada de objetos.
Olhei para tudo que eu trouxe, sentindo um arrepio bizarro. Ali, no meio do meu quarto com tudo isso, me senti fraca.
Isso não pertencia a mim aqui, pertencia à garota que morava na George Clark.
Isso não era daqui, era de lá.
E eu também.
Mas não poderia pensar assim. Eu estava de volta e não poderia fazer nada para que isso não tivesse acontecido. Eu estava aqui e teria de viver conforme antes – tirando as brigas e minha cabeça fora do lugar.
Consegui colocar a maioria das roupas no armário e encher as gavetas. Olhei para minha comoda, que não tinha nenhum objeto sequer. À mala que ainda estava na cama, mostrava-me objetos que decoravam minha escrivaninha no meu dormitório. Eu não poderia coloca-los ali, não era o lugar deles.
Puxei a única coisa que eu fazia questão de ver todos os dias; meu despertador azul.
Eu o via todos os dias antes de levantar. Fazia parte da minha rotina. Acho que pelo menos isso eu poderia manter.
O coloquei bem no meio de minha comoda, lisa e em nada. Apenas isso e pronto. Minha decoração estava pronta. Não gostaria de decorar aquele quarto, parecia algo de outra pessoa. Eu não poderia mexer.
Fechei à mala o mais rápido possível e a coloquei na parte superior do armário, longe dos meus olhos.
£££
– Já vai! – gritei o máximo que consegui pela segunda vez, mas não adiantou.A campainha tocou mais três vezes seguidas, me tirando do serio. Sequei a mão e praticamente voei até a porta. Lindsay e Jack estavam lá, me olhando de cima a baixo.
– Bancando a dona de casa? – Lindsay soltou um risinho.
– Fazendo o jantar – mandei eles entrarem, fechando a porta com o pé – O que vocês querem?Os segui até à cozinha, voltado a fazer meu trabalho.
– Disse para o Jack sobre sua inscrição lá no Clube e...
– Lind, não vou me escrever no Clube.
– Na verdade ela não falou, ficou me enchendo o saco com essa historia.
– Jack! – Lindsay esbravejou.
– Isso é perda de tempo – resmunguei, escorrendo o macarrão.Agora eu me arrependia amargamente por pensar no assunto com Lindsay. Eu só queria ficar em casa, ir para a escola já seria o bastante de convivência com outras pessoas. Não gostaria der de me enturmar com outro grupo de adolescentes.
Observei os dois sentados na bancada da cozinha, enquanto jogava molho na panela.
Eu poderia dizer que eles estavam empolgados com a minha volta, conseguia sentir. E eu estava feliz de passar um tempo com eles novamente, mas isso não parecia o suficiente. Eles eram meus amigos, meus irmãos para sempre, contudo, me sentia cada vez mais triste.
Se a minha única certeza era ter de viver aqui, teria que abrir minha mente. Suportar o que tivesse. Se eles estivessem feliz, eu iria ficar. Eu já tinha esse pensamento na cabeça há um bom tempo, e tinha certeza que daria certo.
– Vocês acham mesmo que eu tenho que fazer isso? – minha voz saiu vacilante.
– Claro! – Lindsay sorriu, e depois deu uma cotovelada em Jack.
– Sim. Claro – ele respondeu, mandando um sorrisinho solidário pra mim.
– Depois da aula de segunda então. Vou lá com vocês.Soltei um suspiro e voltei a fazer meu trabalho, pensando na besteira que tinha feito. Lindsay começou a tagarelar sobre como eu iria me divertir. E eu quis acreditar, realmente.
***
– Hum, vou atender lá fora.Lindsay largou o prato pela metade e saiu para a sala com o celular. Estávamos jantando, pelo menos eles. Lind e Jack me faziam companhia, ou tentavam. Jack parou de comer e ficou me olhando com o canto do olho, talvez percebendo minha falta de apetite. Ou todos os meus outros problemas incontáveis.
– Que? – levantei meu olhar.
– Ela está feliz por você ter voltado. Na realidade, todos estamos. – ele engoliu a seco.
– Eu sei. – murmurei.
– Nós esperamos demais por isso... Mas parece que você não.Quase me engasguei. Do que ele estava falando?
– Não entendi – soltei um risinho. Estava completamente preocupada.
– Você parece não querer ter voltado.
– Jack, esse é o meu dever. Vocês são a minha família. Claro que eu tinha que voltar.
– É o seu dever ou o seu querer? – ele me olhou, travando a maxilar.
– Tchau, mãe. Daqui a pouco eu estou ai... – ouvi a voz de Lindsay mais perto.
– Esse papo morre aqui – levantei e peguei meu prato.Fui até a pia. Não conseguiria mais olhar para Jack, não com ele me falando isso. Eu deveria voltar e voltei. Era isso que eu teria que fazer. Minha família e minha vida estão aqui.
Todos esses pensamentos estavam me deixando sem ar, como se meus pulmões não conseguissem fazer seu trabalho. Eu estava de volta a aquela sensação de vazio que me dominava todas as vezes que o assunto da minha volta surgia. As coisas pareciam girar.
– Minha mãe me perguntando se eu queria pizza – Lindsay chegou rindo – Mas eu disse pra ela que estava comendo seu macarrão e ai depois ela me deu um sermão por eu não saber cozinhar nessa idade, mas eu falei que ela também não sabia cozinhar, então ela disse que... Vocês estão bem?
– Sim, claro – ouvi a voz de Jack, calma.
– Hum, ok. Então, o que vocês irão fazer depois do jantar? – Lind fez o papel de não deixar o silencio chegar.
Eu me encarreguei de dar uma faxina na cozinha, me distraindo de qualquer pensamento que pudesse por minha sanidade em risco.
£££
Eu poderia até dizer que o resto da semana tinha sido divertido.
Todo mundo estava fazendo com que eu me sentisse bem e feliz. E eu me esforçava. Jack parou de falar sobre aquele assunto, mas eu ainda percebia que ele prestava atenção no que eu fazia. Sabia que ele só queria meu bem, mas eu estava certa de que tudo iria melhor e voltar ao lugar. Já estava até imaginando como seria a minha chegada na escola.
Não que eu quisesse ser o estrondo do ano na escola, mas eu queria ser normal.
Conseguir terminar o ano letivo, ter minhas desavenças com professores de matemática, fazer mais amigos... Ou talvez não.
Por que eu teria de seguir essa regra? Ser normal...
E quem disse que o normal é o normal? Se o certo for o errado?
Se hoje era o meu primeiro dia de aula, seria o primeiro dia de um novo ciclo. Eu seria eu. Eu faria o meu normal e o meu certo.
– Há expectativas ai dentro? – ouvi a voz da minha mãe longe, antes de tomar meus sentidos de novo.
– Talvez um pouco de receio – respondi e entreguei os pratos para ela.Helena os colocou na pia, limpando o que tínhamos usado no café da manha.
– Eles continuam os mesmos – ela sorriu para mim – Você sabe com quem deve se relacionar agora. Confio em você.Mamãe sorriu tanto que tive que sorrir também.
Era bom saber que ela confiava em mim. E eu também confiava.
– Beckie é uma das que eu não posso me relacionar. – soltei um riso.
– Por favor. – minha mãe riu – Não aguentaria ver minha filha usando Gucci aos 17 anos.Nós duas rimos. Nisso ela tinha razão.
– Qual o problema em usar Gucci? – a voz de Lindsay ecoou na cozinha.
– Como você entrou aqui? – minha voz parecia um tom mais alto.Lind balançou uma chave.
– Dei a ela uma chave reserva. – mamãe explicou – Meus turnos noturnos irão começar e acho que alguém precisa de uma chave, para caso de uma coisa acontecer.
– Lindsay vai me defender?
– Hey, eu fiz seis meses de caratê!
– Ah, me sinto muito melhor.Minha mãe se virou para nós, secando a mão.
– Bem, vou pegar minhas coisas, ok? Saímos daqui a pouco.Helena saiu da cozinha, enquanto eu cruzava os braços.
– Seis meses é? – perguntei, rindo.
– Rá rá rá – Lind riu e depois me encarou – Jeans e moletom? É isso que você vai usar no seu primeiro dia de aula?
– Meu casaco de moletom é muito mais confortável do que sua jaqueta.Lindsay fechou a cara e me acompanhou até a sala, onde mamãe checava seu material.
Agora oficialmente eu estava preocupada, porque discutir sobre minha segurança e volta as aulas era estranho. Todo mundo estava trabalhando para meu bem estar. Eu tinha de confiar que tudo daria certo.
– Pegou o papel da sua transferência? – minha mãe perguntou enquanto eu colocava o sinto.
– O que? E precisa?
– Claro. Vai buscar enquanto eu tiro o carro da garagem.Revirei os olhos e corri até à casa. Eu tinha guardado em algum canto do quarto e agora que ele estava arrumado, seria fácil de encontrar.
Abri a gaveta da escrivaninha e lá estava minha transferência. Maldita.
Estava prestes a dar meia volta quanto meu bolso da calça começou a vibrar. Meu celular. Fiquei estática, e o retirei do bolso.
Ligação internacional.
Izy.
– Alô? – minha voz saiu tremula.
– Graças a Deus! – ouvi aquela voz novamente – Eu não sabia direito que horas ligar e não tinha coragem, me desculpe por isso. Eu sei que não queria falar com ninguém, mas foi preciso...
– Izy? O que...
– Sou eu. Me desculpe. Me desculpe por favor. Mas você não respondia meus e-mails, não lia minhas mensagens online... Você praticamente sumiu...
– Aconteceu alguma coisa? – minha voz saiu rouca e alta, enquanto minhas pernas pareciam ter virado gravetos frágeis.Uma queimação começou no meu corpo, pinicando cada parte de mim. O celular mal ficava parado na minha orelha pelo fato de minha mão ter ficado tremula instantaneamente.
– Tá acontecendo. – ela disse, sua voz parecia mais um ruido – As coisas ficaram uma bagunça e... Todos nós estamos tristes, mas há coisas diferentes. Ele... ele está muito estranho...
– Isadora! – gritei, ouvindo minha própria voz embargar – Não termine, por favor. As coisas irão ficar bem; aqui e ai. Não ouse falar mais...
– Então as coisas estão ruins ai? – ela me interrompeu.Fiz silêncio e esperei vir meu primeiro soluço de choro. E depois outros incontroláveis.
– Seunome, pelo amor de Deus, você está bem? Eu não deveria ter ligado, me desculpe. Todos me falaram para não fazer isso, mas eu não consegui...Minha cabeça rodou, mas me mantive em pé, com o telefone na orelha.
– Izy, não. Eu que me desculpo. Vai ficar tudo bem, eu prometo.
– Está tudo tão estranho! – ela reclamou – Liam tenta ajuda-lo, mas não há diferença.
– Isadora, por favor, eu não quero ouvir... Não faça isso comigo.
– Mas nós não sabemos oque...
– Não! – gritei – Eu não quero... não consigo. Je Suis Désolé, sinto muito.Desliguei o telefone, não me importando mais o que ela tinha que falar.
Porque eu sabia, sabia quem era ele. E não aguentaria.
Deixei que o telefone caísse no chão, lutando para que meu corpo não fizesse o mesmo. Parecia que um vão se criou dentro de mim, dando-me uma dor insuportável. Me curvei e pus a mão na barriga, tentando parar com a dor. Eu não conseguia controlar meu choro, estava sufocante.
Levantei à cabeça, como ato de suplica para Deus ou qualquer outra coisa que estivesse me causando dor.
Lindsay estava na porta, olhando para mim.
CONTINUA...
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Depois de um mês eu voltei, podem me matar. MAS ANTES...
HAPPY B-DAY ZAYN! EU NÃO CREDITO, 22 ANOS.
Agora podem me matar, mentira.
Bom, voltamos aos fatos.
A fic daqui a pouco vai entrar em reta final, então vai passar o tempo e muitas coisas blá blá blá.
Sabe aquelas provas que eu fiz para escolas tecnicas? Então, EU PASSEI EM UMA!
VOCÊS ESTÃO FALANDO COM UMA FUTURA (se eu não passar em nenhuma outra escola) ADMINISTRADORA!
Muito obrigada pelas mensagens de apoio e tudo mais. Eu amo muito vocês, muito mesmo.
Vocês acharam legal essa parada aqui '' – '' boa? Eu acho que vou deixar assim. É mais fácil.
Je Suis Désolé = Sinto muito. Está em francês e eu acho que vocês já sabem da minha queda pela França.
Venha falar comigo, fazer perguntas, falar sobre One Direction, jogar conversa fora, qualquer coisa!
Facebook: https://www.facebook.com/melyssa.mello.9
Eu amo vocês. Comentários?
@ziampau & @ziamaricas
continuaaaaaa!<3
ResponderExcluirMuito perfeita sua fic!!!
ResponderExcluirQuando vai postar o próximo ?
Hey, obrigada! Ainda não tenho data, as coisas estão puxadas aqui! Mas será logo <3
ExcluirAhhh q perfeição!!! Preciso saber oq vai acontecer... Mel pf posta outro para matar essa curiosidade rsrs bjs lindaa
ResponderExcluirClaro, vou tentar postar o mais rápido possível! Obrigada <3
ExcluirJpkspksosmosk mds, eu tava na praia e como meu 3g é mto bom, mais assim, tão bom que não abria o capítulo kkkkkk, to roubando o WiFi de uma sorveteria aqui kkkkkkkkk.
ResponderExcluirParabéns por passar na escola, espero que dê tudo certo pra futura administradora kkkkkkkkk.
Capitulo emocionante, continue
Meu deus, na praia? Aproveite por mim! Muito obrigada, por tudo mesmo <3
Excluirvc escreve muito bem....continua sua fic ta perfeita
ResponderExcluirXxjessie
Continua vc escreve b pra caramba
ResponderExcluirG zuis ta pft curiosidade so aumenta quando ela vai voltar p zayn. By josiane
ResponderExcluiraamei o cap hahaha serio voce escreve muiyo bem \o/ CONTINUAA
ResponderExcluir