quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Change My Mind - 2ª Tp - Cp 5 - Survivor



Espremi os olhos e tentei levantar, mas ainda estava zonza demais. Meu coração acelerou assim que ouvi o nome de Zayn sair de seus lábios. Pensei que isso nunca iria acontecer, em hipótese alguma. Deitei novamente sobre o travesseiro e passei a mão na testa, ganhando tempo.
– Hã, o que? – minha voz saiu rala.
– Quem é Zayn? – Helena repetiu novamente.
Meu coração começou a bater mais forte.
– O que? Por quê? – fechei os olhos de novo, tentando passar para minha mãe que estava cansada demais.
– Bem, eu passei pelo corredor e ouvi você dizendo esse nome. – ela deu de ombros, acariciando minha mão –  Parecia ser alguém importante.
Respirei fundo e cocei os olhos.
– Não, é que... Eu vi um filme e talvez tenha sonhado com um dos atores. Nem sei quem é esse. Deve ser um nada na historia.
Meu corpo travou ao dizer isso. Eu estava mentindo descaradamente e doía tanto, mais tanto que tive vontade de chorar ali, nos braços da minha mãe. Zayn nunca seria um nada na historia, ele estava mais para o protagonista. O protagonista da minha vida. Nunca poderia imaginar minha vida sem ele. Era impossível.

Mas aqui estava eu, mentindo ou omitindo, para mim é a mesma coisa, sobre tudo o que aconteceu na minha vida. Porque, na realidade, não se passou um minuto sequer que eu não tenha pensado em como eu estaria agora com Zayn.

Não dizer para minha mãe quem realmente foi Zayn na minha vida foi o meu maior erro.
– Então, – sua voz me puxou do meu pequeno transe – como foi à escola hoje?
 Pisquei e sorri o meu melhor sorriso.
– Foi legal. As pessoas parecem que nem se incomodaram com a minha volta. 
– Ah, claro que não – ela sorriu e deu tapinhas na minha perna – Eles devem ter adorado ter você de volta.
E lá estava eu tendo uma conversa amigável com a minha mãe. Essa é uma das pouquíssimas coisas que me fazem ficar bem aqui.

Deveria ser umas nove da noite. Lembro de Lindsay ter ido embora depois das seis e logo adormeci. Eu estava cansada por passar parte da tarde chorando e a outra parte fugindo de suas perguntas sobre meus amigos da George Clark. Mas no final me sai bem – pelo menos com as perguntas.
– Vamos – ela puxou à coberta de mim – Trouxe comida italiana. 
Levantei uma sobrancelha. Não estava com fome e pensei em dizer isso, mas talvez ela tenha jantado muitas vezes sozinha. Me senti mal por isso.

Fiz o melhor de tudo para comer todo o meu raviole e parecer feliz. Na verdade eu estava. Estava feliz por estar com a minha mãe e viver com ela o que eu não vivia há muito tempo. Porém parte de mim não estava saciada com isso. Estava com um grande buraco vazio no meu emocional e, até agora, não parecia ter cura.

Tomei um banho lá perto das onze da noite, tentando tirar o peso das minhas costas. Eu tinha negado toda a minha historia – se é que tivemos uma historia – com Zayn. Minha cabeça latejava por isso. Estava me sentindo péssima.

Quando estava prestes a deitar, peguei meu celular no impulso e liguei para Izy. Ficou muito tempo chamando e a única coisa que tive como resposta foi a gravação do bipe dela Oi, aqui é a Izy. Não posso atender agora, deixe seu recado apos o sinal. 

Respirei fundo e comecei a falar.
– Hum, bem... aqui é Seunome. Eu li seus e-mails e eu realmente preciso falar com você. Me desculpe pela hora, você deve estar dormindo a muito tempo, mas eu precisava fazer isso. Eu não sei direito o que estou fazendo, mas me ligue, por favor. Estou com saudades, beijo. 
Desliguei e me afundei no travesseiro.

Iria ser uma noite muito longa.

***
– Eu acho que a gente deveria ir no shopping depois da escola – Lindsay me disse na terceira aula do dia.
Espantei o sonho que revirava na cabeça e olhei para ela.
– Por quê? – perguntei.
– Amigas fazem compras juntas – ela riu.
Sorri e depois deixei meu rosto longe do alcance dos olhos dela, não queria que ela visse minha cara para isso.

Era verdade que nós eramos amigas, mas tudo o que eu queria era ir para casa. Ainda estava esperando o retorno de Izy e não sabia quando ela iria me responder ou se ela iria. Me sentia entusiasmada só em pensar.
– Tudo bem – disse – Só preciso falar com a minha mãe. 
– Já falei com ela. 
– O que?! – dei um pulo na cadeira.
– Eu falei com a sua mãe – Lindsay repetiu como se fosse obvio – Fica calma, ela só quer que você se divirta.
Eu olhei para ela a neguei com à cabeça.
– Nossa, obrigada por tomar as rédias da minha vida.
Ela bufou e se virou para mim, enquanto o próximo professor chegava.
– Olhe, é só uma ida ao shopping, se você não quiser ir, tudo bem.
Me controlei e sussurrei:
– Tudo bem, eu vou.



Jack sentou no meu lado, esperando Lindsay sair do provador. Estávamos em um tipo de loja parecida com uma Forever 21, mas eu me embolava com esses nomes. Ele bufou e começou a bater pé no chão, inquieto. Havia um cara sentado no puf da frente, e ele parecia estar entediado tanto quanto Jack.
– Seunome! – ela me gritou lá de dentro. 
Fui até o provador dela e coloquei a cabeça para dentro do cubico.
– Ficou bom? – Lind perguntou.
Ela estava vestindo uma calça skinne preta e uma blusa verde-limão.
– Claro – eu disse eu sorri – Ficou melhor do que a anterior. 
Ela alisou a blusa e sorriu.
– O.k, vou levar.
Sorri de novo e sentei no meu puf.
– Ela não vai experimentar outra não, né? – Jack me perguntou – Estou morrendo de fome.
– Não – disse – Ela só...
Ia continuar a frase, mas meu celular tocou. Fiquei parada observando à tela. Izy estava me retornando.
 – Não vai atender? – a voz de Jack me trouxe a realidade.
Eu assenti e peguei meu celular.
– Alô.
– Oi, Seunome. Vi seu recado – a voz de Izy era mais suave, não desesperada como estava ontem.
– Sim... eu. Bom, eu li seus e-mails e... – Jack continuava batendo o pé no chão e parecia desenteressado na minha conversa, mas mesmo assim eu estava receosa – queria saber do que eles se travavam.
 Ouvi ela respirar fundo no outro lado da linha. Agora era eu quem estava batucando o pé.
– Olha, eu só estava preocupada com você. Tipo, você não mandou sinal de vida e não respondia nada. 
Sua voz era tensa, porém mais controlada do que na outra vez.
– Izy, me desculpe por isso. – comecei a falar mais baixo, isso não foi percebido por ninguém – Eu estava atolada em coisas para fazer aqui – menti – Mas nos seus e-mails estava escrito que coisas estranhas estavam acontecendo com ele. O que há? 
Ela não respondeu nos dez segundos que passaram.
– Nada – ela enfim disse – Não há nada. 
– Mas nos e-mails parece que há – retruquei – Alex também me disse que...
– O que? Espera, Alex falou com você? – Izy me cortou.
Jack se remexeu no banco quando a pirua, que era casada com o cara que estava esperando no provador com a gente, saiu. Ele queria ir logo e eu também.
– Sim, mas foi só uma e-mail...
– Ah, esquece – ela me cortou pela segunda vez – Não há nada. Você deveria não se preocupar. 
– Mas Izy...
– Aqui está tudo bem, e ai deve ficar. Te adoro, tchau.
E então ficou mudo.

Fiquei olhando para a tela do celular até ela se apagar. Ela tinha desligado na minha cara? Por quê? E então nada daqueles e-mails e aquela ligação ontem cedo valeram nada? Eu sabia que ela tinha algo muito importante para me dizer, mas parece que mudou de ideia. E era isso que me preocupava.

Iria ligar mais uma vez, porém Lindsay pulou para fora do provador.
– Estão com fome? – ela cantarolou.
– Graças a Deus – Jack murmurou.
Eu assenti e guardei o celular no bolso.

O que eu tinha agora era uma tarde normal com meus dois melhores amigos, no lugar onde eu nasci, cercada de gente que eu conheço há muito tempo e que só querem o meu bem. Mas por que eu não estava feliz?

£££

Me arrastei naquela manhã até o banheiro. Me olhei no espelho mas logo desvirei o olhar, pegando à escova de dente. Eu não queria olhar meu reflexo porque não havia necessidade. Não havia necessidade de olhar meus olhos fundos, minha boca seca e meu cabelo desgrenhado.

Enquanto escovava os dentes, lembrei da ultima vez que falei com Izy, há um pouco mais de duas semanas. Eu repassava a fala dela na cabeça e tentava adquirir alguma pista sobre a sua súbita mudança sobre os acontecimentos que ela tinha de me falar.

Eu estava chateada com ela e não iria mudar de ideia até ela responder minhas chamadas. Geralmente eu fazia uma ligação a cada dois dias e sempre caía na caixa postal. Eu sei que eu deveria ligar para os outros, mas o seu estado de mudança repentina me fazia queria falar com ela.

Depois de tomar um banho, sentei novamente na cama e olhei a hora. Eram 8hs da manha de domingo.

Não que eu gostasse de acordar cedo num domingo, mas dormi cedo ontem – geralmente porque eu não tenho nada para fazer.

Para saciar as vontades de Lindsay, eu me matriculei no clube para à aula de desenho. Era para ir duas vezes por semana, uma hora por dia. Mas eu faltei mais aulas do que fui. Meu plano era tentar recriar alguma parte significativa da George Clark, porém desenhar é mais difícil do que eu pensei.

Boa parte de mim sentia uma perda de tempo tudo isso, mas outra parte me dizia que assim eu iria ficar bem – o que agora não estava acontecendo. Na verdade, eu queria me sentir perto dele. E toda aquelas coisas de desenhos e George Clark me ajudavam quanto a isso.

Fui para sala, esperando minha mãe chegar. Ela tinha começado os plantões no hospital e ficava me ligando de hora em hora. Lindsay até tinha dormido aqui em casa um dia desses, mas eu não sabia se poderia acordar com ela falando.
– Dormindo? – minha mãe passou levemente a mão sobre o meu cabelo.
– Não – sentei no sofá e sorri. Eu nem tinha percebido ela entrar.
Helena ainda estava com o jaleco do hospital, com seu nome bordado.
– É domingo, por que acordou esse hora?
Dei de ombros. Ela me olhou por mais uns segundos até começar a volta a posição normal, já que estava inclinada sobre mim.
– Vou tomar um banho – falou e sumiu na escada.
Fiquei sentada, observando a mesinha de centro. Eu não tinha nada, absolutamente nada para fazer. Meus trabalhos de casa estavam em dia, perfeitamente elaborados. Eu não tive nenhuma dificuldade com as matérias, já que estava muito adiantada. Então esse era mais um motivo para minhas semanas serem vazias e sem nada para me animar.

Enquanto eu pensava, a campainha tocou.
– Sua mãe já chegou? – Caleb entrou no hall, sorrindo. 
– Sim – eu disse – Ela foi tomar um banho.
Ele assentiu e seguiu comigo até a sala. Nas ultimas semanas, Caleb tem vindo com frequência aqui. Eu sei que ele gosta da minha mãe, porém eles ainda estão no titulo de amizade. Minha mãe talvez esteja receosa por mim.
– Você tem tempo hoje? – Caleb puxou assunto assim que sentamos no sofá – Para aquelas aulas de direção.
Rapidamente recompus minha estatura. Tinha certeza que eu estava curvada e parecendo uma mongol.
– Tipo, hoje? 
Ele assentiu.
– Sim, sua mãe falou que tudo bem.
– Isso seria ótimo – eu sorri, de verdade – E espero que não tenha problema.
Ele negou com à cabeça, me assegurando.

Celeb tinha me prometido umas aulas de direção, já que eu não fazia noção de como era dirigir. Eu ainda não tenho idade para dirigir aqui, não que eu vá dirigir em outro país – porque aqui é o lugar que eu vou ficar por um bom tempo, certo? – mas seria legal ter uma pratica.

Depois que minha mãe desceu, eu subi para me arrumar. Estava completamente animada para minhas aulas de direção. Iria ser difícil, mas eu iria me empenhar e Caleb parecia ter muita paciência.

Eu iria ter alguma coisa para fazer, e estava contente com isso.

Troquei de roupa, colocando uma calça jeans, uma blusa qualquer e os tênis que minha mãe tinha me comprado, mas que nunca usei. Coloquei meu celular no bolso e estava prestes a pular para fora do quarto quando vi meu notebook.

Ele parecia piscar para mim, se relevando na cama que eu tinha arrumado perfeitamente – porque não tinha nada para fazer.

Eu o peguei e abri, indo direto para meu e-mail. Não havia nenhuma notificação diferente de alguém importante. E então eu comecei a escrever um.

De: collins@gmail.com
Para: Isadora@uol.com

Assunto: (assunto vazio)

Isadora, eu não estou te cobrando nada, mas eu preciso de respostas, por favor. Você falou um bando de coisas e depois não me deu resposta alguma. Eu só queria que você falasse comigo. Sinto a falta de vocês. É só isso. Beijo. 

Fechei o computador e desci.

Eu pensei em chorar e me acabar em tristeza, mas decidi que não merecia isso. Hoje eu tentaria ter um dia normal e feliz, com a minha família estranha.


– Solte a marcha bem devagar – Caleb me disse e esperou que eu fisese isso. 
Estávamos em uma rua deserta e espaçosa em um bairro perto do nosso. Minha mãe estava nos observando de longe, sentada em um banco de praça. Ela preferiu ficar fora do carro, caso aja algum acidente ou coisa parecida. Mas ela confiava em Caleb o suficiente para ele me ensinar a dirigir.

No começo parecia super difícil, mas essa era a minha primeira aventura desde que voltei. E eu estava gostando muito.

Fiz o que ele me pediu e o carro foi para frente com um baque, mas logo tomei o controle. Ainda tinha que aprender muito mais, porém dirigir era tão bom que eu nem ligava muito para as consequências.

Eu me sentia forte de destemida, afinal, eu estava controlando algo de quase uma tonelada. Mas isso só servil para me mostrar que a minha própria vida eu não consigo controlar.
– Ótimo! – Caleb me disse, assim que completei minha primeira volta na praça – Você aprendeu muito rápido. 
Sorri e apertei o volante, confiante em mim mesma. Tudo bem que o carro dele era automático, porém eu estava me sentindo muito bem – talvez pela primeira vez.
– E então – eu disse e aumentei um pouco a velocidade – Quando você e minha mão irão assumir? 
Ele me olhou e engoliu a seco.
– Como assim? – sua voz tinha um pouco de nervosismo.
– Eu tenho dezessete, não sete – dei uma risadinha pela situação – Eu já entendi. Quando vocês irão assumir?
– Não temos nada para assumir – ele se ajeitou no banco e tentou rir, mas não conseguiu. 
– Ora – acelerei – Então por que você não vai para cima? 
Ele riu e olhou para o velocimetro, mas continuou na mesma.
– Você está mandando eu ir para cima da sua mãe? – sua voz continuava com um nervosismo.
– Sim, claro – eu disse e ri – Minha mãe é difícil demais para tomar as rédeas de um relacionamento. 
Ele assentiu e pôs a mão na testa, talvez se perguntando se eu tinha algum problema. Estávamos falando sobre o relacionamento da minha mãe com ele, como se fosse algo normal. Mas eu sentia que tinha de fazer isso, porque alguma coisa dentro de mim me avisava que ela precisaria de alguém.
– Bom, eu pensei que você não gostaria da sua mãe com outro cara e...
– Bobagem – o garanti e sorri ao ver que eu estava conseguindo guiar o carro acima dos 40 km/h – Ela merece um cara como você. 
Ele sorriu e pareceu tirar um peso das costas. Eu sei que ele gostava muito da minha mãe e que a faira muito feliz. Sei que ninguém poderia ser capaz de substituir meu pai ou coisa assim, mas seria muito bom ter um amigo mais velho que me entendesse e que me desse concelhos.

Em uma manhã de domingo eu tinha aprendido o básico para dirigir, tinha conversado com um cara que realmente gostava da minha mãe e pela primeira vez em três semanas criei esperanças de poder viver aqui.

£££
– Eu preciso dormir – minha mãe reclamou assim que chegamos em casa.
Eu também estava cansada, mas não tanto quanto ela. Helena tinha voltado do plantão e não tinha descansado.
Eu estava extremamente empolgada agora, até fazendo planos para o dia seguinte. Eu nunca tinha feito isso, pensar em como seria o próximo dia. Antes era sempre sobrevivendo, não vivendo.

Eu sobrevivia pelas pessoas que estavam aqui e que estavam lá, torcendo para que minha vida desse certo. Mas elas sem sabiam o que eu estava passando. Nas ultimas três semanas tudo o que eu tinha feito foi tentar da um rumo naquilo que chamava de vida, sempre sem sucesso.

Mas depois de hoje, quando eu vi que o meu relacionamento com a minha mãe estava fluindo normalmente, tive esperanças. Tive esperança de que definitivamente daria certo. Eu ainda não estava cem por cento, ainda sentia um peso no meu coração e sabia que ele não tinha cura, contudo, com o amo da minha mãe ele poderia ser suportado.

E assim eu acreditei, ficando feliz nas próximas horas.

Deveria ser umas sete da noite quando minha mãe finalmente desceu. Eu estava na cozinha, sentada em uma das bancadas, lendo o próximo módulo de historia. Ela se sentou ao meu lado e bateu os dedos no mármore.
– Lindsay me disse que está havendo uma festa na casa de uma menina da escola – Helena disse calmamente com a voz suave. 
– E? – virei uma página, sem tirar os olhos do livro. 
– E ela gostaria muito que eu deixasse você ir. E eu estou reconsiderando muito... 
Eu respirei fundo e olhei para ela.
– E se eu não quiser que você reconsidere? – nem percebi o que tinha dito, apenas saiu. 
Minha mãe me lançou um olhar estranho, mas depois continuou:
– Ela disse que vai ser legal, cheio de amigos da escola – ela me deu um leve empurrão no ombro – A maioria das garotas irão escondidas dos pais, eu já tive essa idade – ela soltou um risinho – E eu estou te dando permissão. 
Respirei fundo e fechei o livro. A parte em que as garotas iriam escondidas dos pais era verdade e eu conhecida bem isso e também sabia que todas elas queriam que seus pais fossem iguais a minha mãe.
– Mas eu não sei se quero ir – olhei para Helena e depois para minhas mãos na bancada. 
Dizer isso talvez tenha me dado um alivio. E só para mim. Eu tinha 17 anos, estava em um domingo a noite, e tinha uma festa para ir. O melhor de tudo era que minha mãe estava quase me obrigando a ir. Quem em sã consciência não aceitaria?

Ouvi um suspiro dela.
– Filha, o que está acontecendo?
Sua voz estava me preocupando. Parecia receosa.
– Nada, mãe – menti.
– Seunome, fale comigo. – ela pôs a mão nas minhas costas – Você tem ficado assim, parada, desde que chegou, tem alguma coisa errada? 
Sua voz era materna e calma, e isso me induzia a dizer a verdade, porém eu não iria fazer isso. Eu sei que se contasse a verdade, iria decepcionar todos. Então era melhor assim.
– Não, mãe. Claro que não. Estou bem.
– Mas você parece que...
Respirei fundo e pus um sorriso na cara.
– Quer saber, eu vou. Pronto.
Achei que isso iria anima-la, porém ela só ficou me olhando estranho por alguns segundos. Eu queria que ela visse que eu queria ir, mas pareceu que minha mãe não estava acreditando em nada do que eu estava falando.

Sorri de novo e sai em disparada ao meu quarto. Eu estava nervosa pelo o que minha mãe me disse. O que ela quis dizer com ''parada''?

Comecei a afastar esses pensamentos da cabeça e peguei meu celular, mandando uma mensagem para Lindsay. Ela respondeu no minuto seguinte, falando que a mãe dela iria nos levar.

Eu estava me arrependendo ainda mais enquanto me arrumava, pensando na besteira que estava fazendo. Eu não queria sair de casa, queria aproveitar até o final o melhor domingo que eu tive desde que cheguei. Alguma coisa dentro de mim me avisava que algo ruim iria acontecer.


– Não acredito que você veio – Jack sentou no lado de Lindsay no sofá da sala lotada.
– Eu disse que conseguiria arrasta-la de casa – Lind sorriu para mim.
Havia um tempo que chegamos, mas eu não conseguia levantar no sofá. Algumas pessoas falavam comigo e me ofereciam bebidas, mas eu recusava. Tocava um bando de musicas altas e tinha muito barulho, mas eu não fazia nada. Não conseguia me encaixar aqui.
– Pois é, eu vim – sorri e acenei – Tudo bem? 
Ele assentiu e começou a falar alguma coisa com Lindsay e com o resto das pessoas que estavam no sofá. Eu não conseguia acompanhar a conversa, mesmo que tentasse.

Eu estava a muito tempo naquele sofá que perdi a conta. Parecia que cada vez a sala enchia de mais pessoas. Até vi Beckie agarrada a alguns garotos, mas me escondi o suficiente para que ela e nem ninguém de seus amiguinhos me vissem.

Eu estava entretida, contando quantos copos de cerveja vazios tinham na mesinha de centro quanto Lindsay me puxou para fora do sofá.
– Vamos lá para fora – ela disse e me entregou uma garrafa de Heineken recém aberta.
Eu a segui. O jardim estava iluminado e tinha um grupo de pessoas sentadas na grama, com um engradado de cerveja no meio. Desde quando Lindsay e Jack bebiam tanto assim?

Eles se sentaram com eles e eu fiz a mesma coisa, mesmo não sabendo o porquê. Eles conversaram e até pareciam ser legais – contudo bêbados. Minha garrafa estava intocada e eu parecia ser a mais idiota do grupo. Mas eu não me incomodava.

Tudo parecia normal o suficiente, até meu celular tocar e meu coração acelerar. Izy decidiu dar as caras.
– Alô? – minha voz aumentou. 
– Você quer saber mesmo o que está acontecendo? – Izy parecia desesperada no outro lado da linha, quase gritando. 
Eu engasguei mas logo me controlei. Por que ela estava tão nervosa?
– Claro que sim – disse e olhei para o grupo, eles pareciam normais, menos Lindsay que me encarava.
Meu coração acelerou e desvirei o olhar dela.
– Tudo bem, Seunome? – Lindsay falou e depois deu um gole na Heineken – Parece que viu fantasma. 
Eu iria responde-la, mentir outra vez e dizer que estava tudo bem. Eu sei que isso era errado mas não poderia dizer a verdade. Quando eu iria abrir a boca, Izy me respondeu, me derrubando em um escuro horroroso:
– Zayn foi expulso do internato. 
CONTINUA... 

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EU VOLTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI!

Bati outro recorde! 5 dias depois eu voltei! 

Muito, muito, muito obrigada pelos parabéns que recebi. Vocês são demais! 

Eu não tenho muitas novidades, então esse nota vai ser pequena.

Eu tenho um projeto de postar Change My Mind em outro site, o Anime Spirit, mas não sei se irão ler, então gostaria da ajuda de vocês.  

Sobre a fic eu queria dizer que ela está chegando a reta final :(

Infelizmente, nada é para sempre </3 

É só isso. Bye

COMENTEEEEEEM BASTANTE!
@ziampau & @ziamaricas

sábado, 24 de janeiro de 2015

Change My Mind - 2ª Tp - Cap 4 - Dessin


Eu sei que vocês não querem saber da minha vida e sim da fanfic, eu entendo, mas gostaria que pudessem ler as notas finais. Agradeço desde já. 


– Por que vocês duas demoraram tanto? – ouvi a voz de Helena bem no fundo da pouca sanidade que me restava – Quase fui lá encima chamar vocês. 
Lindsay soltou um risinho e me ajudou a colocar o sinto. Eu apenas fitava o banco do passageiro a minha frente, pensando sobre minha fracassada vida.
– Problemas em encontrar a transferência – ela respondeu.
– Óculos? – minha mãe me perguntou, enquanto me olhava pelo retrovisor.
Já estávamos a caminho da escola, com Helena dirigindo o mais rápido possível para eu não chegar atrasada logo no meu primeiro dia.
 – Hum... – respirei fundo e engoli a seco – Eu... eu...
–  Eu pedi, sabe? Acho que fica melhor, da um ar de mais centrada. 
A voz de Lindsay preencheu o vazio que tinha ficado quando me calei. Não aguentaria falar. Minha garganta parecia fechada.
– Urhum.
Lindsay me lançou um olhar compreensivo e ao mesmo tempo preocupado. Eu a entendia. Talvez se outra pessoa visse o que ela viu, sairia fazendo um escândalo. Mas ela apenas me ajudou a continuar, ficando no meu lado sem se queixar.

Eu sabia que teria uma hora que ela iria querer saber o porquê da minha crise, o porquê de parecer uma problemática. E eu tinha medo do contar, porque nem eu sabia o que era isso. Ainda sentia meus olhos arderem pelo choro, mas os óculos que Lindsay me emprestou faziam o papel de esconde-los.
– Boa sorte, queria – mamãe beijou minha bochecha antes de Lindsay me puxar do carro. 
À velha escola continuava a mesma. Talvez tivessem cuidando mais do jardim e trocado o caminho de pedras até o portão de ferro. Tentei parecer o mais normal possível, porem boa parte de mim estivesse entrando em colapso.
– Você tem que apresentar isso para o professor – Lindsay disse assim que entramos no corredor principal da escola, – sua transferência.
Ele me entregou o papel, que eu nem lembrava mais. Só percebi que minhas mãos estavam tremulas quando peguei o papel, que não parava quieto.
– Obrigada – murmurei – Na verdade, obrigada por tudo. 
Ela me olhou por um momento, depois sorriu. Esticou as mãos e tirou o óculos escuros do meu rosto, guando-o na bolsa em seguida.
– De nada – ela fez uma careta – Só espero que... aquilo não aconteça de novo. 
Respirei fundo enquanto andávamos pelo corredor, vendo tantos rostos que me senti tonta.
– Eu acho que devo explicações a você.
Era claro que eu devia.

Lindsay chegou no quarto, me viu tendo uma crise, um surto de choro e a única coisa que fez foi ficar abraçada comigo enquanto eu encharcava sua roupa da Gucci por cinto minutos. Depois me deu um óculos para esconder os olhos inchados e descemos como se nada tivesse acontecido.
 – Bem, por esse lado, sim. Mas você tem coisas mais importantes agora. 
Ela me puxou para à sala, parecia feliz o bastante para me deixar feliz pelo resto do dia, embora eu ache que nada iria me fazer sorrir.
– Então é isso – ouvi a voz de Jack – Bem vinda a esse inferno que chamamos de escola.
– Bom dia – minha voz quase não saiu – e obrigada.  
Ele sorriu e nos seguiu até alguma mesa. Não iria sentar na frente, no meio e nem atrás – queria ficar o mais invisível possível. Sentamos na janela. Eu estava sozinha. Aqui eram mesas individuais, espalhadas pela sala.

Felizmente nada de anormal me aconteceu. Nenhum professor veio falar comigo, nenhum outro aluno pareceu me notar ou qualquer coisa do tipo. Só era aquela sala de antes, na qual eu passava meus dias empoeirada na cadeira. Parecia ter ficado ainda mais deprimente.

Vi as unhas cor de rosa de Lindsay batucarem à mesa de plastico. Estávamos na mesa que me lembrava, no lado de fora o refeitório micro, enquanto compartilhávamos o que tinha acontecido de mais empolgante na aula.

O sol estava forte, mas estávamos protegidos. Olhei meu suco e me perguntei por que peguei aquilo. Jack ainda não tinha aparecido, então eu estava ouvindo toda a historia que Lindsay tinha de contar.

Embora boa parte de mim quisesse prestar atenção no que minha amiga estava me falando, eu só relembrava as palavras de Izy. Passei a conversa inteira na minha cabeça, incontáveis vezes. Lembrei-me de ela ter falado sobre os e-mails que tinha me mandado.

O que será que ela falava neles? Eu tinha esperança sobre o que ela poderia me escrever. E-mails de uma semana. Uma semana que fiquei longe. Talvez eles me dessem pistas de como as coisas estão... de como ele está. Eu tinha que saber. Mesmo tendo uma vontade imensa de que nunca mais volte pronunciar o nome dele, uma parte maior ainda queria sugar todas as informações sobre ele.

Meu coração parecia bombear sangue mais rápido. Eu estava decidida no quer iria fazer.

Mas algo me desconectou. Lindsay parou de falar.
– Ai. Meu. Deus. – olhei para cima, vendo quem tinha calado Lindsay. 
Rebeca Amorin.

Diferente de Lindsay, Beckie se vestia com um número muito maior de roupas de marca. Da cabeça aos pés, literalmente.
– A reabilitada voltou! – ela gritou, enquanto eu revirava os olhos.
– Não foi uma reabilitação – Jack surgiu atrás dela.
– Reabilitação foi o que o seu irmão fez – Lindsay esticou o pescoço até ela.
Me senti entediada com aquilo. Beckie não era uma pessoa de todo mal, porém seu jeito fazia com que ninguém – tirando suas fieis seguidoras – a suportasse. E a historia repete.
– Oi, Beckie – minha voz saiu, ao menos, simpática.
Algumas pessoas encaravam minha mesa e talvez assim me notassem.
– Minhas festas ainda acontecem em alguns finais se semana, talvez você queira fazer alguma brincadeirinha para os meus convidados. Eles sempre me falaram que você era uma boa atração. – Beckie piscou para mim.
Tive vontade de vomitar.
– Suas festas não me agradam mais – eu disse e pisquei de volta – Obrigada. 
Ela soltou um sorrisinho amarelo e saiu. As pessoas ainda olhavam para mim. Meu caso de parecer invisível veio água a baixo.
 – Liga não – Lind me disse, raspando os dedos inquietos pela mesa – Ela tem piorado com o tempo. 
 – Percebi – resmunguei e colei o rosto na mesa, fechando os olhos. 
Eu queria estar em casa. Queria ler aqueles e-mails.
– Ei – ouvi a voz de Jack – Vai no clube hoje?
Abri os olhos e levantei minha cabeça. Nem me lembrava mais do clube.
– Eu não sei – sussurrei – Talvez amanha. Não, amanha está ótimo. É que eu quero chegar em casa o mais rápido possível.
Eles me fitaram com as testas franzidas. Me senti como se tivesse negando um pedido de casamento ou coisa do tipo. Os rostos pareciam doidos. Tudo bem, eu tinha prometido. Na realidade, eu dei a ideia, mas naquela hora pareceu certo. Pareceu ser aquilo o que eles queriam.

Agora era diferente. Era o que eu queria.

Minhas circunstâncias tinham mudado. Agora e mais do que nunca eu queria saber o que aconteceu nessa semana que fiquei fora de lá. Eu me sentia inteiramente ligada com aquele lugar, não conseguia aguentar. Então o que eu tinha de fazer era ler aqueles e-mails.

Talvez eles me não me mostrassem nada demais. Porém eu tinha de ler.
– Claro – Lindsay engoliu a seco – Talvez a volta à escola tenha mexido, sei lá, com o seu bem estar.
– Talvez – eu disse – Mas eu não sei. Acho que o que eu queria fazer agora era ir para casa.
Era estranho ter Lindsay aceitando o que eu tinha pedido. Ontem parecia que à coisa mais importante da vida dela era me levar a aquele clube. Talvez porque ela se sentisse muito sozinha.

Jack se manteve calado e assentiu com à cabeça. Eu sabia que ele, ao contrario de Lindsay, asseitava a opinião dos outros. Mas ele também via o que ela não via.

Jack sempre viu que eu não estava me adaptando. E isso talvez fosse um problema para mim.

O sinal tocou me liberando de quaisquer outras perguntas. Eu queria me safar dessa. 

£££
– Se você quiser uma companhia, sei lá, no meio da tarde, pode me chamar – Lindsay disse na calçada da minha casa, enquanto eu tentava despacha-la.
Ela estava preocupada demais, talvez não quisesse me deixar sozinha. Eu sei que ela tinha as melhores intenções mas agora eu realmente queria ficar sozinha. Não sei ao certo se ela ainda queria minhas explicações sobre aquilo que aconteceu de manhã, mas eu tinha de estar pronta.
– Claro – eu disse – Obrigada.
Ela me deu um abraço rápido e sorriu.
– Até amanha, então, se a gente não se ver.
– Até – eu sorri de volta.
 Ela hesitou e deu meia volta. Quase corri até meu quarto, esperançosa demais. Abri o notebook e sentei na cama. Eu estava querendo fazer aquilo logo. Fiz o login e logo veio uma enxurrada de e-mails, porem os de Izy estavam bem na frente. Fui para o primeiro que ela mandou, a uma semana atrás.

De: Isadora@uol.com
Para: collins@gmail.com.

Assunto: Oi.

Tudo bem, eu sei que você foi embora a um dia, mas realmente eu já estou com saudades. Sinceramente eu acho que tudo foi muito rápido e eu não tive o tempo que eu queria para me despedir. Eu não sei se já posso te ligar, então quando você ler esse e-mail, me responda o mais rápido possível. Obrigada. 

Ninguém sabe que eu te mandei isso, mas tenho certeza que eles estão te mandando um abraço. 


Beijos amiga. 

Respirei fundo e fui para o seguinte, que tinha sido mandando um dia depois do outro.

De: Isadora@uol.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: Por favor.

Então, me segurei para não te mandar um e-mail ontem, porque me disseram que você precisa de um tempo para se costumar. Mas eu sei que você iria me responder. Eu peço por favor que você mande notícias, tudo está muito estranho. Não quero te assustar, mas é complicado. Me ligue quando puder. Beijo. 



Eu sabia que ela estava louca por notícias minhas, mas eu nem me lembrei sobre ler meus e-mails. Apenas queria que meu mal estar por essa mudança toda passasse. Ela estava preocupada, e eu sabia disso desde o começo. Fui para o próximo.

De: Isadora@uol.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: (assunto vazio)

Seunome, por favor, nos mande notícias. É serio. Mesmo um sms com '' Estou bem, pare de me encher o saco''. Agora estamos todos preocupados. O assunto é serio. Beijo. 


Avia três e-mails com a mesma data, mas um não era de Izy.

De: alex17@gmail.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: Oie.

Eu sei que não deveria estar de incomodando, mas precisamos falar com você. É importante. Todos estamos morrendo de saudade, muita mesmo. Responda rápido. Obrigada. 


Alex avia me mandado um e-mail naquele mesmo dia. Elas não me esclareciam muitas coisas nas mensagens, mas pareciam preocupadas.

Abri o ultimo daquele dia.

De: Isadora@uol.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: SEUNOME!

Oi, amiga. Estou me acostumando em falar com o nada. Mas eu queria que você respondesse. Hoje aconteceu uma parada muito estranha. Liam e eu ficamos conversando por horas por isso. Me ligue ou responda. Entramos em um acordo que é você que tem de dar sinal de vida, porque senão estaremos invadindo seu espaço. É isso. Até mais. 

Nesse ultimo Izy tinha dito que algo aconteceu. Meu coração disparou e então voltei a procurar outros. Havia mais um. Enviado no domingo.

De: Isadora@uol.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: (assunto vazio)

Se até amanha você não der sinal de vida, eu vou te ligar. Não importa o que os outros me falem. Isso tá estranho demais, você tem que saber. Me desculpe por qualquer coisa. Beijo. 

Esse era o ultimo e-mail.

O que de tão estranho era isso? Nem na ligação ela me esclareceu algo. E eu temia que tinha acontecido alguma coisa com ele. Isso tudo só me ligava a uma pessoa. E isso me deixava fraca.

Fiquei fitando o notebook por um tempo, tentando intender o que era isso tudo. Uma especie de quebra cabeça?

Abaixei a listas de e-mails, passando por vários lixos eletrônicos. Mas um nome pareceu reluzir muito mais que os outros.

Isabelly Willans.

Imediatamente cliquei e fui ler o e-mail.

De: isa.willans@uol.com
Para: collins@gmail.com

Assunto: Olá, Seunome. 

Te achei, bobinha. Aproveite seu anexo de imagem. 
Esperamos a volta do casal. Beijinhos.
Isabelly Willans.


O e-mail veio com um anexo. Era uma imagem.

Meu coração deu um grande aperto no peito, doendo a cada bombiada.

Me arrependi completamente de ter aberto aquele anexo. Ali estava uma foto tirada há um bom tempo, bem longe daqui. Demorei um pouco para raciocinar o que era aquilo, mas logo vi meu rosto. E em seguida, o dele. Eu estava feliz, ou talvez estivesse porque ele estava ali, no meu lado. Observei a foto mais atentamente, passando meus olhos por cada detalhe.

Minha mão estava junto a sua. Eu segurava suas mãos com tanta força que parecia estar com medo de alguma coisa.

Eu deveria ter aproveitado mais aquilo.

Depois de ter vasculhado todos os cantos daquela foto, fechei o notebook.

Deitei na cama e fitei o teto, tentando me controlar e pensar. Tentei, primeiro, pensar nos e-mails que recebi de Izy e Alex, mas minha cabeça só rodava em uma imagem. Meus olhos receberam lágrimas que queimavam meu rosto, como um acido.

Eu sentia muita, muita saudade daquele tempo. Como se eu nunca quisesse sair de lá. Eu queria viver aquele dia eternamente, como se ele nunca acabasse. Meu dia de passeio na Mystical Arts. O melhor de tudo foi ter conhecido um lugar em que Zayn gostava. Tudo que se tratava dele ela absurdamente interessante para mim.

Respirei fundo e tentei controlar meu choro. Eu estava em mais uma daquelas crises insuportáveis em que nada importa, apenas a dor no meu peito crescendo ainda mais.

Respirar estava difícil, então me sentei. Fitei meu armário e me lembrei. Levantei e fui em direção a minha mala, que tinha jogado lá encima. A peguei e coloquei sobre à cama, abrindo desesperadamente. Ali deveria ter alguma coisa que me fizesse sentir bem.

Vasculhei tudo, não encontrando nada. Eu queira me sentir bem, queria ter algo para que pudesse trazer lembranças boas.

Meu peito começou a doer e o choro aumentar.

Eu estava com raiva. Raiva de Izy, de Zayn e até de Isabelly. Eu estava com raiva da minha vida. Isso não poderia estar acontecendo. Eu estava infeliz.

Joguei a mala longe, bagunçando à cama em seguida. Minha vida estava uma miséria total.
– Droga, droga, droga! – gritei e sentei no chão, encostando minhas costas na cama. 
A mala estava perto dos meus pés, então eu a chutei. Abracei meus joelhos e chorei mais ainda, sem o controle.

Depois de um tempo, observei a mala e vi algo estranho. Parecia que o forro estava descosturando.
– Merda, ferrei com à mala – disse para mim mesma, puxando-a para perto. 
Ela não estava rasgada, era o fundo falso. Tentei entender como mexia naquilo. Havia um ziper na lateral, o qual eu nunca tinha visto. Eu o puxei o abri o fundo falso. Talvez aquilo tivesse serventia para colocar documentos ao algo do tipo, mas para mim não havia utilização.

Limpei meu rosto com à palma da mão e investiguei mais a mala. Era difícil mexer porque era muito pouco espaço, mas felizmente consegui puxar uma pasta. Eu nunca tinha visto aquilo na minha vida, e não sabia como aquilo tinha ido para ali.

Hesitei em abrir, mas minha curiosidade foi maior.

Eram desenhos. Desenhos perfeitos.

Minhas mãos tremeram, junto com o meu corpo. Inúmeras folhas grossas e pintadas sobre a minha mão. Jardim de Inverno da George Clark, a biblioteca, jardim lateral, o banco de madeira onde ficávamos no jardim... Inúmeros desenhos, todos com um alto significado. Para mim e para ele.

Espalhei os desenhos pelo chão do quarto, observando tudo aquilo. Não tinha a menor ideia de como tudo isso tinha parado ali. Ninguém poderia ter acesso a minha mala, a não ser...
– Impossível – sussurrei, enquanto meu peito ardia. 
Zayn tinha mesmo colocado aqueles desenhos na minha mala? Os desenhos eram dele, eu tinha certeza.

Meus olhos queimaram e comecei à chorar, compulsivamente. Não conseguia ver nada a minha frente, meus olhos estavam embaçados e minhas mãos tremiam. A única coisa que eu conseguia escutar era meus soluços, um atrás do outro.

Eu não poderia viver assim. Essa era a terceira vez que eu chorava assim hoje, a primeira foi quando Izy me ligou. Foi realmente hoje que ela me ligou? Parecia que tinha se passado dias.

Tentei me levantar, mas não consegui. Meu corpo não respondia meus comandos. A única coisa que eu conseguia fazer era chorar.

Mas... por que eu estava chorando? Isso me fazia tão mau assim?

Lembrar e Zayn, George Clark ou qualquer outra pessoa que conviveu comigo durante os seis meses que passei fora me faz chorar. Mas isso só se torna um grande por quê na minha cabeça.

Agarrei minha mochila e me sentei no chão novamente, fitando todos aqueles desenhos espalhados. Puxei meu celular, e procurei o nome de Lindsay nos meus contados. Eu não sabia o que estava fazendo, mas tinha de falar com alguém. Ela me ajudou hoje de amanha, e talvez pudesse me ajudar de novo.
– Oi, Seunome – ela disse simpática. 
– Você... – limpei à garganta – Você poderia vir aqui?
Conseguia até visualizar à ruga em sua testa agora.
– Você está chorando? – ela falou e me senti ruim por deixa-la preocupada.
– Não, é só... Você pode vir aqui? – funguei, era claro que eu estava chorando.
– Claro que sim – ela disse, enquanto eu me aliviava – Já acabei no clube mesmo. Daqui a pouco eu estou ai.
Murmurei um obrigada e finalizei a ligação. Ela já tinha ido ao clube? Afinal, que horas são?

Já passava das duas da tarde e tudo o que eu tinha feito desde que cheguei em casa foi chorar. Me senti mais ruim ainda e chorei muito mais.

***

Senti suas mãos nos meus ombros, enquanto ela tentava me levantar do chão.
– Seunome, pelo amor de Deus – Lindsay me sentou na cama – O que há? Isso tem a ver com suas explicações com o que aconteceu de manhã? 
 Limpei as lagrimas idiotas do meu rosto e sorri para ela.
– Obrigada por ter vindo – falei.
Lindsay estava com o cabelo molhado e cheirando a cloro.
– Por que você estava chorando? – ela foi ao ponto, enquanto eu encarava minhas mãos – Você nem tirou a roupa da escola e fez uma bagunça no quarto... o que aconteceu?
Eu não sabia o que dizer. Nem consegui encara-la.

Minhas mãos começaram a tremer e talvez ela estivesse ficando irritada.
– Legal – ela disse, fazendo uma careta – Temos uma ótima amizade muda.
– Me desculpe – falei rápido, respirando para não gaguejar – Eu estou sendo uma idiota agora.
Lindsay deu um breve sorrisinho e estalou a linguá.
– Desculpada...
Tive a impressão que ela iria dizer mais alguma coisa, porem se calou.

Antes mesmo de eu perceber, ela se inclinou até o chão e pegou uma folha.
– O que é isso?
Lind ficou olhando por um bom tempo aquele desenho e depois catou os outros pelo quarto.
 – São só desenhos – eu disse. Meu coração martelou no meu peito, sabia que não eram só desenhos.
– Foi isso que te fez chorar? 
Ela continuou observando eles e confesso que senti ciumes. Ninguém alem de mim tinha visto aquilo.
– Bem, de certa forma, sim. 
Ela se sentou no meu lado novamente, deixando os desenhos em algum canto.
– Agora eu quero respostas – ela disse firme.
O que eu iria falar? Não tinha nada. Eu só a chamei porque não queria ficar sozinha. Eu sabia que se ficasse só, iria chorar o tempo todo. A minha própria companhia é intimidadoramente triste.
– De que você quer respostas? – perguntei. Nada melhor do que responder uma pergunta com outra pergunta. 
– Eu quero o porque das suas crises de choro.
Eu ainda sentia meu rosto quente pelas lágrimas, mas a maior parte da dor tinha passado.
– Eu não sei direito – disse e isso era verdade – As vezes eu vejo coisas e sinto vontade de chorar, mas o choro não passa.
Até agora eu estava indo bem, e dizendo a verdade.
 – Que coisas? – Lindsay questionou.
Bufei e acreditei que dizer a verdade era a melhor solução.
– Qualquer coisa que me lembre minha antiga escola – admiti.
Ela engoliu a seco.
– O internato? – ela estalou e assenti. – Tipo, você sente saudade de lá?
Respirei fundo. Serio mesmo que eu estava falando com Lindsay sobre minha saudade da George Clark?
 – Eu fiz amigos – disse pausadamente – e eles são especias para mim. Assim como você e o Jack. E as vezes eu fico me perguntando como eles estão... e me sinto mal.
 Ela concordou com a cabeça.
– E alguém de lá te fez esses desenhos? – isso era uma afirmação ou uma pergunta?
– Sim, fez.
Foi tudo o que eu consegui dizer. Eu não queria e nem podia falar de Zayn para ela. Não seria o certo.
– Sabe, eu acho, se você concordar, claro, que você deveria encontrar alguma coisa para passar o tempo. Não quero te dar ideias, mas se você passar as tardes inteiras sozinhas, isso vai virar repetitivo. 
A voz dela enchia o quarto. Era isso que eu precisava. Precisava que alguém me distraísse.

***
Abri os olhos e estava muito, muito confortável. A luz da lua entrava o suficiente para trazer a penumbra para o quarto. Me espreguicei e apertei a coberta, suspirando tranquilamente. Levantei meu rosto a procura do dele. Eu sabia que ele estava, ali, perto de mim. 

Sua respiração bateu quente no meu rosto e sorri. 
– Me beije – pedi e esperei que ele me obedecesse.
 – Não – ele disse com a voz suave – Você me deixou. 
 – O que? – tentei ser o mais suave que pude – Claro que não. Nunca faria isso.
Ele soltou um risinho.
– Você fez o que voltando para casa? – ele riu mais ainda e eu quis manda-lo parar de fazer isso. 
– Não, Zayn, – disse mais alto – Eu não quis te deixar, fui obrigada. Por favor, me beije – implorei e ele riu.
– Não – ele disse no mesmo tom de antes – Você não merece. 
Meu rosto ardeu e fiquei nervosa. Essa possibilidade me assustava.
 – Não, por favor. Zayn, me escute. Não faça isso. Não, não... 
Ouvi um barulho e acordei. O rosto da minha mãe estava próximo ao meu e tinha um ar curioso.
– Quem é Zayn? – ela disse suavemente e franziu à testa. 
CONTINUA...

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OLHA QUEM VOLTOU? 

Demorei? Acho que não... Estou orgulhosa de mim, por dois motivos.

O primeiro é por ter atualizado a fic em dose DOSE dias. Isso é quase um recorde.

E segundo porque eu passei em outra escola! EU PASSEI EM DUAS ESCOLAS! DUAS! 

Pensei que não ia passar em nenhuma.... Mas ok. 

Lembra do meu técnico em administração? Então, cancelado. Agora vocês estão falando com uma futura AGROECOLÓGICA <3 Vou estudar no colégio da Universidade Federal Rual do Rio de Janeiro! Não acredito. Vou sair de casa 5 e 40 da manhã e chegar 7 e 30 da noite, vou morrer! Aulas integras! Mas o melhor é que eu vou ter armários e isso é incrível. 

Eu gostaria de pedir muito, mais muito obrigada para todo mundo que tem falado comigo e que me apoiou quando as provas começaram. Eu amo vocês por isso. Demais da conta.

No capitulo anterior eu até respondi uns comentários. Não gosto de fazer isso porque eu quero os números de comentários solidos, porque toda vez que eu respondo alguém, meu comentario também conta, então eu não gosto. Mas isso depende de vocês. Se quiserem eu posso responder :)

COMENTÁRIOS? EU MEREÇO NÉ? 

Amo vocês demais. Muito. 

@ziampau & @ziamaricas

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Change My Mind - 2ª Tp - Cap 3 - Je Suis Désolé.

Capitulo pequeno e não revisado. 



Minha mãe ficou me olhando o tempo inteiro na viajem para o shopping. Talvez ela desconfiasse que eu não tinha dormido bem. Na verdade eu não dormir. Fiquei me remoendo por muito tempo até o sol finalmente invadir o quarto e depois decidi levantar.

Não tinha nada para fazer até minha mãe acordar e eu mentir que também tinha acordado. Depois do café, eu não tinha o que fazer, a não ser ficar remoendo meu sonho maluco. E, acredite, eu não queria. Lembrar daqueles olhos me olhando tão profundamente me dava náuseas.

Fingi prestar atenção na paisagem que eu não via a muito tempo. Não morávamos tão longe do centro, mas nosso bairro era residencial, então não tínhamos muitas lojas perto de casa. Eu conseguia ver o jeito que minha mãe me olhava pelo canto do olho. Ela ficava alternando entre a estrada e a mim, batendo os dedos no volante.
– Você  está bem, querida? – ela me perguntou sorrindo. 
– Sim – tentei ser o mais convincente possível. 
Talvez ela tivesse acreditado, ou não. Mas isso não pareceu o bastante para ela.
 – Olhe, eu sei que isso tudo é muito confuso – ela olhava para frente, esticando os braços sobre o volante, talvez pegando confiança – Mas daqui para frente as coisas irão melhorar, tá bom? Logo você irá se acostumar de novo.
 – Mamãe, eu estou bem, serio – menti, tão bem que ela olhou para mim e sorriu – Talvez eu tenha me esquecido de como as coisas eram antes e, acredite, isso é bom. Eu quero ter uma vida nova agora. E está tudo bem, mesmo.
Eu vi que ela ficou feliz. Minhas palavras a alegraram, então eu pude ter um pouco de paz na minha consciência. Grande parte de mim só estava aqui, hoje, pela minha mãe. Pelo o que ela aguentou por mim e sua paciência. Eu não queria faze-la sofrer de novo.

Antes de ir, nós tínhamos feito um acordo. Não iriamos tocar no assunto das brigas, isso nos consumia muito. Relembrar toda aquela dor iria ser, provavelmente, um modo para retoma-las. E eu não gostaria de viver aquilo, nunca mais.

Ela estacionou o carro no estacionamento aberto, cantarolando alguma coisa. Minha mãe estava feliz, e eu queria que isso continuasse. Se ela estava feliz, para mim estava bom. Eu iria conseguir sobreviver se as pessoas que estivessem comigo estivessem feliz. Eu iria tentar e mesmo não conseguindo, essa era minha unica saída.

Uma lufada de ar quente nos atingiu. Isso me deixou mais para baixo. Calor estava sendo a ultima coisa que eu queria sentir, acho que não gostava mais. Eu queria o frio, a sensação de frescor. Contudo, desde que cheguei aqui, não tive isso.

Mamãe foi me guiando para dentro do shopping, não que não soubesse o caminho, mas ela agia como se nós nunca tivéssemos ido lá juntas. A ultima vez foi há muito tempo... mal me lembrava de coisas assim. Mãe e filha.
– Acho que você precisa de roupas de verão – ela disse, pegando nos meus ombros assim que entramos. 
Cheio.

O shopping estava cheio. Aquele murmurio alto de sempre, uma falação abafada. Meus olhos apitavam muita coisa ao mesmo tempo. Eu deveria está acostumada com a calma de outro país.

Felizmente fui salva pelo ar condicionado, que estava me ajudando demais. Aquilo não estava frio, estava perfeito. Minha mãe continuava falando sobre as lojas e falando de quando vinha sozinha, me imaginando dentro de vestidos. Eu quis prestar atenção, mas isso pareceu doloroso demais.
– Hm, o que tem de errado com as minhas roupas? – perguntei, cortando-a em uma frase. 
– Eu acho que estão todas fechadinhas demais – Helena disse e eu ri por dentro.
Normalmente as mães querem mesmo é que as filhas se cubram, mas minha mãe estava me mandando usar  roupas mais bertas. Ela olhou para mim e tenho certeza que notou minha cara de espanto.
– Quero dizer que todas tem mangas, tecidos pesados... – ela olhou as vitrines – E além do mais, você têm muitos casacos. 
 – Eu gosto das minhas roupas, mãe – mordi o lábio. 
Se eu gostava das minhas roupas, por que teria vindo aqui?

Talvez porque, depois de muito tempo, eu estivesse saindo com a minha mãe. Vivendo coisas que há muito tempo não vivíamos. Eu gostava muito, muito de te-la por perto. Isso me fazia bem, conseguia sentir. E, aproveitando que estava tudo bem, passar mais um tempo com ela iria ser bom. Tudo isso parecia ser novo... uma coisa inexplorada por nós.
– Mas não reclame se morrer de calor com todos esses planos – ela conseguiu soltar um sorrisinho.
Parece que os planos dela foram ralo abaixo. Enquanto andávamos, eu via nos seus olhos que ela queria encontrar outra forma de passar o tempo comigo. Mamãe tinha tirado uma folga no hospital para me receber, então eu não achei justo eu simplesmente renegar isso tudo. Se eu queria um novo começo, teria que construí-lo.
– Tem razão – eu disse, apertando os olhos e fazendo uma careta – Eu realmente preciso de roupas de verão. 
Talvez ela começasse a achar que eu tinha voltado bipolar, mas e daí? Eu suportaria tudo para passar mais tempo com ela.

£££

Fiquei observando as bolças que se empoeiravam no lugar em que minha mãe deveria estar, pensando se eu realmente usaria aquilo tudo. Ok, ela tinha comprado tudo de coração e com um bom gosto inquestionável, mas eu não me via dentro daquelas roupas. Cheguei até pensar que não me reconhecia.

Pensando bem, não me reconhecia mesmo. Há seis meses tudo era completamente diferente. Essa sena de mãe e filha nunca passaria pela minha cabeça, meu estado emocional era muito mais frágil (tudo bem que meu emocional não esteja forte agora, mas pelo menos eu consigo conversar com as pessoas sem chorar) e tudo isso sobre meus gostos de roupas e temperatura eram diferentes. 

Então, sim, boa parte de mim sofreu um grande colapiso.

Enquanto eu estava distraída pensando sobre minha trágica vida, meu pedido chega assim como o de Helena, mas ela teve de ir ao banheiro. Observo a praça de alimentação vazia, em uma tarde de terça-feira.

E assim, caio na maior cilada.

Me pego imaginando como eu estaria agora, se estivesse na George Clark.

Claro que com o horário, lá já passa muito das 3 dá tarte, mas mesmo assim tento fazer uma visualização quase perfeita de mim, assistindo a aula de literatura da sr. Muller. A sala em silêncio, escutando sua voz melosa e meio falhada pela velhice.

E, na minha quase perfeita visualização, há uma coisa perfeita. Alguém.

Na sala de aula, vacilo e olho para o lado. O rosto perfeito de Zayn sorri para mim, enquanto eu estava jogada sobre a mesa. Lá, respiro fundo e me derreto enquanto continuo olhando para seu rosto. Perfeito, sem nenhum erro. Sinto meu corpo esquentar apenas por visualizar aquele rosto. Minhas pernas bambas e um sorriso bobo se formam em meus lábios.

Era assim em todas as aulas que fazíamos dupla. Todas. Em todas que ele estava no meu lado eu era feliz. Me sentia inteira e feliz. Completa.
– Dormindo? – a voz de Helena invadiu meu deslumbre, me fazendo lembrar que ela nunca estaria em uma sala na George Clark. 
Pisco algumas vezes e percebendo que estava de olhos fechados, talvez até babando. Engoli a seco e sorri.
– Não – resmungo,
Até pensei em responder uma coisa parecida com: Não, mãe, apenas sonhando com o garoto que não consigo tirar da minha cabeça desde que eu cheguei aqui, cujo eu namorei e enganei a todos, até a você. E agora, como se não fosse mais possível, estou tendo sonhos alucinantes com ele. Porque talvez ele seja o Deus grego encarnado! 
 – Hum – ela disse, já sentada e observando a comida – Eu adoro esse prato. Quando eu fico casada da minha comida, resumida em três pratos diferentes, venho aqui. 
Eu a observo desembrulhar os talheres tentando encontrar alguma coisa para dizer, mas apenas me vejo vagando sobre como era a vida dela antes de eu voltar. Helena nunca teve muitas amigas e nem muitos parentes. Então eu me perguntei como era a vida dela... será que ela só falava com Lindsay fora as pessoas do hospital?
 – Deve ser muito bom mesmo – sussurrei sem graça.
Olhei para meu prato repleto de comida, mas perdi a fome.

£££

Tentei não ficar pensando na minha vida enquanto via televisão, ou tentava. Lindsay estava sentada ao meu lado, segurando um barril de pipocas. Desde que cheguei do shopping com minha mãe ela se empoeirou no sofá, contando mais sobre à escola.

Jack tinha se recuperado no bimestre, mas não gostava de faltar a aula de futebol. Já Lindsay tinha faltado sua aula de natação, para ficar a tarde inteira comigo.

Ela enchia a boca de pipoca mas continuava falando, e mesmo que eu quisesse, não conseguia entender o que ela falava.
– E então? – ela me fitou, com o rosto sorridente.
– Han? –  engoli a seco e pisquei.
Ela revirou os olhos se endireitou no sofá.
– O que você acha de se escrever no clube? – sua voz pareceu cansada de dizer essa frase – Isso seria incrível. 
Eu ri e coloquei o cabelo para traz.
– Eu? No clube?
– É. Imagina nós três no clube? Seria muito legal. E isso também vai te tirar de casa, você vai conhecer mais pessoas.
– Lindsay, eu não sei fazer nada lá. E além do mais, eu gosto de ficar em casa. 
– Vai ser legal. E também há tantos cursos que eu nem sei todos. Tem natação, futebol, dança, tênis, aula de desenho, tiro ao alvo...
– Aula de desenho? – perguntei, mesmo não sabendo o porquê. 
– Sim, mas eu não levo jeito pra isso – ela olhou para mim, com os olhos pidões – Vamos, por favor.
– Não sei não.
Resmunguei e voltei meus olhos para a televisão.

E, na realidade, em vez de esquecer esse assunto completamente idiota de Lindsay, fiquei o remoendo. Bom, mais a parte de fazer aulas de desenho. Comecei a considerar. Eu me sentia atraída por isso, talvez porque meu passado recente na George Clark tenha sido ligado com os desenhos.

Me senti estranhamente alegre em lembrar dos desenhos, ainda mais de quem os desenhava.

Tentei recuperar na memoria onde tinha metido os desenhos que ele tinha feito para mim, mas eu não conseguia. Eu me lembrava deles, mas de um ponto minhas lembranças de onde eu os guardada some.

E, como sempre, caio em mais uma cilada.

Lembrando dos desenhos, lembro das lembranças que os ligam a mim. Lembro-me de Mystical Arts e de todas aquelas pessoas. Lembro de estar com Zayn e me sentir feliz. E é ai que a coisa aperta. Lembrar de Zayn me faz bem quando as memorias chegam, mas depois de um tempo, fico tão mal que tenho vontade de chorar.

Mas eu tenho que me controlar. Não posso cair nesse covil de pensamentos.

Respirei fundo e me entreguei ao que passava na televisão, mas mesmo assim eu daria tudo para ver aqueles desenhos mais uma vez. Observar os traços perfeitos de Zayn no papel era tudo que eu queria.

£££

Passei o dia seguinte arrumando todas as minhas coisas. Começando por minhas malas, que estavam parecendo um ninho.

Minha mãe tinha ido trabalhar logo depois do almoço, me deixando a tarde inteira sozinha. E acredite, eu a agradeço demais por isso. Precisava de um tempo eu e eu. É muita confusão para poucos dias, muitas mudanças. Respirar um pouco seria bom.

Desembrulhei a mochila, cadernos e toda a bugiganga escolar que minha mãe tinha comprado para mim no shopping, respirando fundo para não surtar. Minhas aulas iriam começar logo, eu tinha pouco tempo antes que aquilo tudo começasse outra vez.

Arrumei tudo o que eu precisa e guardei o material escolar. Não queria olhar aquilo.

A tarde estava acabando. Lembrei-me que Helena chegaria as 9h, então eu teria que tratar de fazer o jantar, embora não tivesse nenhuma pretensão de comer.

Dei mais uma checada no quarto e para uma mala recheada de objetos.

Olhei para tudo que eu trouxe, sentindo um arrepio bizarro. Ali, no meio do meu quarto com tudo isso, me senti fraca.

Isso não pertencia a mim aqui, pertencia à garota que morava na George Clark.

Isso não era daqui, era de lá.

E eu também.

Mas não poderia pensar assim. Eu estava de volta e não poderia fazer nada para que isso não tivesse acontecido. Eu estava aqui e teria de viver conforme antes – tirando as brigas e minha cabeça fora do lugar.

Consegui colocar a maioria das roupas no armário e encher as gavetas. Olhei para minha comoda, que não tinha nenhum objeto sequer. À mala que ainda estava na cama, mostrava-me objetos que decoravam minha escrivaninha no meu dormitório. Eu não poderia coloca-los ali, não era o lugar deles.

Puxei a única coisa que eu fazia questão de ver todos os dias; meu despertador azul.

Eu o via todos os dias antes de levantar. Fazia parte da minha rotina. Acho que pelo menos isso eu poderia manter.

O coloquei bem no meio de minha comoda, lisa e em nada. Apenas isso e pronto. Minha decoração estava pronta. Não gostaria de decorar aquele quarto, parecia algo de outra pessoa. Eu não poderia mexer.

Fechei à mala o mais rápido possível e a coloquei na parte superior do armário, longe dos meus olhos.

£££
– Já vai! – gritei o máximo que consegui pela segunda vez, mas não adiantou.
A campainha tocou mais três vezes seguidas, me tirando do serio. Sequei a mão e praticamente voei até a porta. Lindsay e Jack estavam lá, me olhando de cima a baixo.
– Bancando a dona de casa? – Lindsay soltou um risinho.
– Fazendo o jantar – mandei eles entrarem, fechando a porta com o pé – O que vocês querem?
 Os segui até à cozinha, voltado a fazer meu trabalho.
– Disse para o Jack sobre sua inscrição lá no Clube e...
– Lind, não vou me escrever no Clube.
– Na verdade ela não falou, ficou me enchendo o saco com essa historia.
– Jack! – Lindsay esbravejou.
– Isso é perda de tempo – resmunguei, escorrendo o macarrão.
Agora eu me arrependia amargamente por pensar no assunto com Lindsay. Eu só queria ficar em casa, ir para a escola já seria o bastante de convivência com outras pessoas. Não gostaria der de me enturmar com outro grupo de adolescentes.

Observei os dois sentados na bancada da cozinha, enquanto jogava molho na panela.

Eu poderia dizer que eles estavam empolgados com a minha volta, conseguia sentir. E eu estava feliz de passar um tempo com eles novamente, mas isso não parecia o suficiente. Eles eram meus amigos, meus irmãos para sempre, contudo, me sentia cada vez mais triste.

Se a minha única certeza era ter de viver aqui, teria que abrir minha mente. Suportar o que tivesse. Se eles estivessem feliz, eu iria ficar. Eu já tinha esse pensamento na cabeça há um bom tempo, e tinha certeza que daria certo.
– Vocês acham mesmo que eu tenho que fazer isso? – minha voz saiu vacilante.
– Claro! – Lindsay sorriu, e depois deu uma cotovelada em Jack.
–  Sim. Claro – ele respondeu, mandando um sorrisinho solidário pra mim. 
– Depois da aula de segunda então. Vou lá com vocês.
Soltei um suspiro e voltei a fazer meu trabalho, pensando na besteira que tinha feito. Lindsay começou a tagarelar sobre como eu iria me divertir. E eu quis acreditar, realmente.
***
– Hum, vou atender lá fora. 
Lindsay largou o prato pela metade e saiu para a sala com o celular. Estávamos jantando, pelo menos eles. Lind e Jack me faziam companhia, ou tentavam. Jack parou de comer e ficou me olhando com o canto do olho, talvez percebendo minha falta de apetite. Ou todos os meus outros problemas incontáveis.
– Que? – levantei meu olhar.
– Ela está feliz por você ter voltado. Na realidade, todos estamos. –  ele engoliu a seco. 
– Eu sei. – murmurei.
– Nós esperamos demais por isso... Mas parece que você não.
 Quase me engasguei. Do que ele estava falando?
– Não entendi – soltei um risinho. Estava completamente preocupada. 
–  Você parece não querer ter voltado.
– Jack, esse é o meu dever. Vocês são a minha família. Claro que eu tinha que voltar.
 – É o seu dever ou o seu querer? – ele me olhou, travando a maxilar. 
– Tchau, mãe. Daqui a pouco eu estou ai... – ouvi a voz de Lindsay mais perto.
–  Esse papo morre aqui – levantei e peguei meu prato. 
Fui até a pia. Não conseguiria mais olhar para Jack, não com ele me falando isso. Eu deveria voltar e voltei. Era isso que eu teria que fazer. Minha família e minha vida estão aqui.

Todos esses pensamentos estavam me deixando sem ar, como se meus pulmões não conseguissem fazer seu trabalho. Eu estava de volta a aquela sensação de vazio que me dominava todas as vezes que o assunto da minha volta surgia. As coisas pareciam girar.
 – Minha mãe me perguntando se eu queria pizza – Lindsay chegou rindo – Mas eu disse pra ela que estava comendo seu macarrão e ai depois ela me deu um sermão por eu não saber cozinhar nessa idade, mas eu falei que ela também não sabia cozinhar, então ela disse que... Vocês estão bem? 
 – Sim, claro – ouvi a voz de Jack, calma. 
 – Hum, ok. Então, o que vocês irão fazer depois do jantar? – Lind fez o papel de não deixar o silencio chegar. 
Eu me encarreguei de dar uma faxina na cozinha, me distraindo de qualquer pensamento que pudesse por minha sanidade em risco. 
£££



Eu poderia até dizer que o resto da semana tinha sido divertido. 

Todo mundo estava fazendo com que eu me sentisse bem e feliz. E eu me esforçava. Jack parou de falar sobre aquele assunto, mas eu ainda percebia que ele prestava atenção no que eu fazia. Sabia que ele só queria meu bem, mas eu estava certa de que tudo iria melhor e voltar ao lugar. Já estava até imaginando como seria a minha chegada na escola. 

Não que eu quisesse ser o estrondo do ano na escola, mas eu queria ser normal. 

Conseguir terminar o ano letivo, ter minhas desavenças com professores de matemática, fazer mais amigos... Ou talvez não. 

Por que eu teria de seguir essa regra? Ser normal... 

E quem disse que o normal é o normal? Se o certo for o errado? 

Se hoje era o meu primeiro dia de aula, seria o primeiro dia de um novo ciclo. Eu seria eu. Eu faria o meu normal e o meu certo. 
– Há expectativas ai dentro? – ouvi a voz da minha mãe longe, antes de tomar meus sentidos de novo.
– Talvez um pouco de receio – respondi e entreguei os pratos para ela.
Helena os colocou na pia, limpando o que tínhamos usado no café da manha.
– Eles continuam os mesmos – ela sorriu para mim – Você sabe com quem deve se relacionar agora. Confio em você. 
Mamãe sorriu tanto que tive que sorrir também.

Era bom saber que ela confiava em mim. E eu também confiava.
– Beckie é uma das que eu não posso me relacionar. – soltei um riso.
– Por favor. – minha mãe riu –  Não aguentaria ver minha filha usando Gucci aos 17 anos.
Nós duas rimos. Nisso ela tinha razão.
– Qual o problema em usar Gucci? – a voz de Lindsay ecoou na cozinha.
– Como você entrou aqui? – minha voz parecia um tom mais alto.
Lind balançou uma chave.
– Dei a ela uma chave reserva. – mamãe explicou – Meus turnos noturnos irão começar e acho que alguém precisa de uma chave, para caso de uma coisa acontecer. 
– Lindsay vai me defender?
– Hey, eu fiz seis meses de caratê!
– Ah, me sinto muito melhor. 
Minha mãe se virou para nós, secando a mão.
– Bem, vou pegar minhas coisas, ok? Saímos daqui a pouco. 
Helena saiu da cozinha, enquanto eu cruzava os braços.
– Seis meses é? – perguntei, rindo.
– Rá rá rá – Lind riu e depois me encarou – Jeans e moletom? É isso que você vai usar no seu primeiro dia de aula?
– Meu casaco de moletom é muito mais confortável do que sua jaqueta.
Lindsay fechou a cara e me acompanhou até a sala, onde mamãe checava seu material.

Agora oficialmente eu estava preocupada, porque discutir sobre minha segurança e volta as aulas era estranho. Todo mundo estava trabalhando para meu bem estar. Eu tinha de confiar que tudo daria certo.
– Pegou o papel da sua transferência? – minha mãe perguntou enquanto eu colocava o sinto. 
– O que? E precisa?
– Claro. Vai buscar enquanto eu tiro o carro da garagem.
Revirei os olhos e corri até à casa. Eu tinha guardado em algum canto do quarto e agora que ele estava arrumado, seria fácil de encontrar.

Abri a gaveta da escrivaninha e lá estava minha transferência. Maldita.

Estava prestes a dar meia volta quanto meu bolso da calça começou a vibrar. Meu celular. Fiquei estática, e o retirei do bolso.

Ligação internacional. 
Izy.
 – Alô? – minha voz saiu tremula. 
– Graças a Deus! – ouvi aquela voz novamente – Eu não sabia direito que horas ligar e não tinha coragem, me desculpe por isso. Eu sei que não queria falar com ninguém, mas foi preciso...
– Izy? O que...
– Sou eu. Me desculpe. Me desculpe por favor. Mas você não respondia meus e-mails, não lia minhas mensagens online... Você praticamente sumiu...
– Aconteceu alguma coisa? – minha voz saiu rouca e alta, enquanto minhas pernas pareciam ter virado gravetos frágeis.
Uma queimação começou no meu corpo, pinicando cada parte de mim. O celular mal ficava parado na minha orelha pelo fato de minha mão ter ficado tremula instantaneamente.
– Tá acontecendo. – ela disse, sua voz parecia mais um ruido – As coisas ficaram uma bagunça e... Todos nós estamos tristes, mas há coisas diferentes. Ele... ele está muito estranho...
– Isadora! – gritei, ouvindo minha própria voz embargar – Não termine, por favor. As coisas irão ficar bem; aqui e ai. Não ouse falar mais...
– Então as coisas estão ruins ai? – ela me interrompeu.
Fiz silêncio e esperei vir meu primeiro soluço de choro. E depois outros incontroláveis.
– Seunome, pelo amor de Deus, você está bem? Eu não deveria ter ligado, me desculpe. Todos me falaram para não fazer isso, mas eu não consegui...
Minha cabeça rodou, mas me mantive em pé, com o telefone na orelha.
– Izy, não. Eu que me desculpo. Vai ficar tudo bem, eu prometo.  
 – Está tudo tão estranho! – ela reclamou – Liam tenta ajuda-lo, mas não há diferença.
– Isadora, por favor, eu não quero ouvir... Não faça isso comigo. 
– Mas nós não sabemos oque...
– Não! – gritei – Eu não quero... não consigo. Je Suis Désolé, sinto muito. 
Desliguei o telefone, não me importando mais o que ela tinha que falar.

Porque eu sabia, sabia quem era ele. E não aguentaria.

Deixei que o telefone caísse no chão, lutando para que meu corpo não fizesse o mesmo. Parecia que um vão se criou dentro de mim, dando-me uma dor insuportável. Me curvei e pus a mão na barriga, tentando parar com a dor. Eu não conseguia controlar meu choro, estava sufocante.

Levantei à cabeça, como ato de suplica para Deus ou qualquer outra coisa que estivesse me causando dor.

Lindsay estava na porta, olhando para mim.

CONTINUA...

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Depois de um mês eu voltei, podem me matar. MAS ANTES...

HAPPY B-DAY ZAYN! EU NÃO CREDITO, 22 ANOS. 

Agora podem me matar, mentira. 

Bom, voltamos aos fatos. 

A fic daqui a pouco vai entrar em reta final, então vai passar o tempo e muitas coisas blá blá blá. 

Sabe aquelas provas que eu fiz para escolas tecnicas? Então, EU PASSEI EM UMA! 

VOCÊS ESTÃO FALANDO COM UMA FUTURA (se eu não passar em nenhuma outra escola) ADMINISTRADORA!

Muito obrigada pelas mensagens de apoio e tudo mais. Eu amo muito vocês, muito mesmo. 

Vocês acharam legal essa parada aqui '' '' boa? Eu acho que vou deixar assim. É mais fácil. 

Je Suis Désolé = Sinto muito. Está em francês e eu acho que vocês já sabem da minha queda pela França. 

Venha falar comigo, fazer perguntas, falar sobre One Direction, jogar conversa fora, qualquer coisa! 


Eu amo vocês. Comentários? 

@ziampau & @ziamaricas