Duas semanas tinham se passado. Os preparativos para o festival estavam prontos praticamente. Todos os dias o pessoal da dança ensaiava e a coreografia realmente estava boa. Com mais ensaios e dedicação, seria perfeito.
Susan sugeriu que tocasse algum instrumento. Como ela sabia tocar violão e piano, seria fácil pra ela participar, sem cantar. Pelo menos uma pessoa para o canto eu já tinha.
Essa era a única parte que estava me dando problema. Ninguém queria cantar. Ninguém apareceu para os testes. Ninguém sugeria nada e eu não sabia o que fazer.
Logan me cutucou na aula de química. Me virei pra trás enquanto o professor passava a matéria.
- Que foi? - Ele me perguntou.
- O quê? - Sim, eu pareci uma idiota agora.
- Parece preocupada. É o festival?
- É. A parte do canto está totalmente parada.
- Falei até com as meninas do figurino... elas não querem participar de maneira alguma. - Julie entrou na conversa também.
- Ponha no canto quem não está participando de nada. - Logan sugeriu.
Seria uma hipótese solucionadora. Julie me olhou com aprovação. Seria aquela a única saída?
...
Sim, seria. Esperei mais dois dias para uma boa alma aparecer, mas ninguém veio nos testes. Quando saímos da última aula na sexta, eu e Julie fomos atrás dos futuros cantores. Cinco garotos que reunimos na sala de confraternização.
Zayn, Niall, Louis, Liam e Harry.
Fomos direto ao ponto.
- Vocês cantarão no festival de inverno. Os ensaios serão todos os dias depois das aulas e qualquer dúvida é só perguntar para a Susan.
- Como é? - Louis perguntou. - Pode repetir? Eu, cantar?
- Sim, cantar. Todos vocês.
- Você ao menos perguntou se queremos? Qual é...
Julie deu dois passos pra trás enquanto eles reclamavam, como se eles fossem explodir a qualquer momento. Ela falou baixinho:
- Mas vocês não estão participando de nada... só sobrou o canto... - Mais reclamações.
- Ou vocês cantam ou estão fora. Querem mesmo perder a viagem e os pontos extras? - Falei, impaciente.
Harry, que não tinha falado nada até agora, me salvou.
- Eu canto.
- Eu também. - Encarei abismada enquanto Malik aceitava. Preparei milhões de argumentos para convencê-lo, pensando que ele seria o mais difícil de dobrar. Mas foi muito fácil.
E para minha satisfação, Liam, Niall e Louis também concordaram.
Finalmente resolvido. Só esperava agora que eles não estragassem tudo.
...
Fiz uma playlist apenas com músicas depressivas. Esse final de semana entraria no meu top 5 de mais solitários, com toda certeza.
Nos fins de semana, 99% dos alunos iam para suas casas. O 1% que restava era apenas eu. Julie foi para a casa da irmã, todos do Norte já tinham seus compromissos, Lord não ficaria na escola nos dois dias.
Ir pra casa... eu nem me lembrava direito da minha casa. Há seis anos eu não ia pra lá. E se vi minha mãe 3 vezes, foi muito.
Às vezes eu me perguntava o por quê de ela não ligar pra mim, não mais. Depois que meu pai desapareceu, minha mãe praticamente se livrou de mim me mandando pra cá. Ela não me ligava, não me mandava e-mail... só sabia que ela estava viva porque a mensalidade do internato era paga todo mês.
Uma ou duas lágrimas escaparam dos meus olhos enquanto eu trocava a música da playlist e me ajeitava no sofá da sala de confraternização. Ela não merecia que eu chorasse por ela, mas mesmo assim era difícil.
Esse seria meu fim de semana "agitado".
- Megan?
- Logan? Oi... - Passei a mão no rosto e tirei os fones, me sentando. - Pensei que fosse pra casa.
- Acho que não vou pra casa tão cedo. - Ele falou, todo misterioso. - E você?
Apenas neguei com a cabeça.
- Então... já que não vamos vamos fazer nada... quer ir em uma festa comigo? Por minha conta. - Ele sorriu, e eu me decidi.
Meu fim de semana "agitado" seria agitado de verdade agora. Pelo menos era o que achava.
...
- Não acredito que realmente estamos fazendo isso Logan. - Cochichei, enquanto íamos silenciosamente para os fundos do internato. Logan sacou um molho de chaves e abriu o portão sem qualquer problema.
- Me agradeça depois Meg. - Ele me deu um sorriso tão lindo que não pensei em mais nada. - Vem.
Ele pegou minha mão e me puxou; já estávamos fora do internato. Quebrando às regras. Sim, tudo bem, eu como uma representante não devia estar fazendo aquilo, já que não tinha permissão para estar fora do internato, blá blá blá.
Pouco me importava. Só queria me divertir um pouco, como qualquer pessoa da minha idade fazia. Era pedir muito? Não, não era. Era melhor do que ficar depressiva em um sofá.
- Está pensativa de novo... desistiu da festa? - Logan me perguntou, apertando minha mão na sua. Não deixei de reparar o quão maior sua mão era comparada a minha, e como era extremamente fria também. Eu sei que devia fazer algumas perguntas... mas ele estava sendo tão legal. Eu não queria estragar tudo.
- Claro que não. Mas me fale, como vamos chegar lá, à pé? Ou... - Fiquei quieta e parei para admirar uma moto parada, toda preta e reluzente.
- De moto, claro. Achou mesmo que iria deixá-la ir à pé?
- Essa moto... caramba, ela é sua?
Logan apenas riu.
- Vem.
...
Ainda estava meio zonza quando cheguei no lugar da festa. Como Logan correu tanto e eu ainda sobrevivi, eu ainda tentava descobrir. Mas o que descobri mesmo foi toda a definição do seu abdômen ao segurar nele para me apoiar e não cair no caminho. Céus, aquele cara era perfeitamente gostoso demais.
- Achei que seria na casa de alguém... não numa casa noturna. - Falei, observando o lugar. Era simplesmente demais.
( Fabric London )
- Eu não brinco em serviço, Meg. - Lá estava o Meg de novo, que Logan insistia em me chamar assim.
- Podemos entrar aí? Não é pra maior...
- Não se preocupa. Você tá comigo.
Entramos sem qualquer problema. A música eletrônica soava alta, e não precisei ir ao bar para beber. Logan me ofereceu um drink logo de cara, enquanto já bebia o seu.
- Batida. Só não vamos exagerar na bebida, certo?
- Se você diz... - Brindamos e terminei meu copo mais rápido do que eu pensei ser possível.
Fomos pra pista, e caramba. Eu realmente precisava me divertir assim; esquecer meus problemas, minhas responsabilidades. Esquecer a família que não dava a miníma pra mim. Esquecer de tudo e apenas me concentrar na batida da música e no próximo copo de bebida.
...
Me sentia leve como uma pluma. Toda vez que meu copo se esvaziava, Logan o substituía por outro. Acho que já tinha tomado todas as bebidas daquele lugar, mas não que eu esteja contando. Já tinha perdido a conta, na verdade. A batida da música me deixava ainda mais hiperativa. Meus pés doíam, mas eu não me importei.
Até que chegou uma hora que eu não aguentei mais, e acabei me desequilibrando. Logan me pegou no susto e me levou para um poof que estava mais próximo. Eu desabei ali.
- Caramba, Meg...
- Eu... eu estou bem. – Falei, minha voz saindo muito estranha. As luzes começaram a ficar com cores diferentes... como se ganhassem forma e se movimentassem por conta própria. Ri daquilo. Que idiotisse.
- É, estou vendo. Vou trazer algo que vai te ajudar a ficar melhor. Já volto.
Mal o ouvi. Aquelas luzes... realmente parecia que elas estavam ganhando forma, de verdade. E parecia que elas queriam se aproximar de mim, cada vez mais rápido, como se quisessem me pegar.
Me levantei de onde estava e comecei a correr sem rumo. Em vez de rir, eu estava chorando. Abri uma porta e consegui sair pra fora. Quanto mais eu corria, mais as sombras se aproximavam de mim. Comecei a ficar cansada, sem ar, totalmente deseperada.
- Megan! – A sombra gritou, e eu gritei junto, chorando de medo. – Megan!
- Me deixa em paz! – Gritei, não conseguindo mais me mover. A sombra tinha me agarrado, me envolvendo de uma forma que me deixou sufocada. Iria me matar, eu tinha certeza. Não conseguia me desvenciliar, e iria ser engolida por aquela escuridão.
Era o meu fim.
...
(Narrador ON)
- Megan! Megan... para de gritar droga. MEGAN!
- Eu não sei de nada... por favor, por favor, me deixa em paz... – Megan chorava desesperadamente. Ela não conseguia discernir a realidade, não enquanto o efeito da droga não passasse.
Olhando a garota daquele jeito, ele ficou desarmado. As drogas daquele lugar não tinham esse efeito, eram apenas estimulantes temporários. Mas essa em especial... era um entorpecente pesado demais pra ela. Logo os efeitos iriam piorar... ele tinha que agir logo. Só não sabia como, mas sabia quem o ajudaria. Ou melhor. Onde conseguiria ajuda.
Afastou os cabelos do rosto de Megan e a pegou, deixando que ela chorasse em sua camiseta. A abraçou forte enquanto esperava.
(Imaginem o Zayn e a Megan =])
Eles iriam pagar pelo que estavam fazendo com ela. Era uma promessa.
...
(Megan ON)
“ - Filha, já disse que não pode mexer nos meus papéis, não disse?” – Meu pai tentou fazer uma expressão severa, mas não conseguiu.
- Desculpa, papai. É que esses desenhos são tão legais... O que são?” – Perguntei curiosa. Pareciam armas. Um pouco diferentes, mas eram armas.
- Vá brincar Meg. Um dia papai te explica, ok? Prometo.”
Abri meus olhos rapidamente, e tudo estava escuro. Meu coração palpitava forte, minha cabeça explodia. Eu nunca me senti tão mal assim na vida. Nunca.
Pelo pouco que eu podia enxergar, eu estava no meu quarto. No internato. Com as roupas da festa. Não sabia que horas eram. Que lembrança era aquela que tinha acabado de sonhar?
Como eu tinha chegado até aqui?
Eu não me lembrava de nada. E se me forçava a tentar lembrar de alguma coisa, minha cabeça doía mais ainda.
Tirei uma manta em cima de mim e fui na direção do interrupitor. Meus olhos arderam tanto que tive que piscar várias vezes até enxergar de novo. Saí do dormitório me apoiando nas paredes, e vi pela janela que estava amanhecendo.
Parei de frente a sala de confraternização; a luz lá era mais forte...se eu não me sentasse iria cair a qualquer momento. O que eu tinha, droga?
Parei de pensar em tudo quando o vi ali. Meu coração palpitou forte e me senti nervosa, sem motivo algum.
Malik me encarou e eu o encarei. Alguns segundos se passaram até ele arquear a sobrancelha pra mim e dizer:
- Você tá péssima.
Como se eu não soubesse. Fiquei quieta, ainda o encarando. Se estivesse bem disposta, poderia revidar aquele idiota. Só que eu não estava.
- Ainda de ressaca? – Ele perguntou.
- Como assim ainda?
- Você ficou apagada um dia inteiro. Hoje é domingo.
Domingo? Apagada... 1 dia inteiro? Só podia ser brincadeira.
- Como ... ficou sabendo disso?
- Você chegou chapada sábado de madrugada. – Ele me encarou de uma forma tão profunda que meu coração se acelerou mais ainda – Essa não é uma atitude de uma representante, não acha?
Andei até o sofá que ele estava e me sentei. Tinha tanta comida só pra ele sobre a mesa... então acabei me servindo do seu café-da-manhã. Por incrível que parecesse ele não falou nada. Como eu estava com fome.
- Eu não sou uma representante no meu tempo livre e nem fora da escola, Malik.
- Mas você não devia estar fora da escola. – O encarei abismada. Que desgraçado. – Toma. Vai ajudar. - Ele me ofereceu sua xícara com café.
- Eu não gosto de café.
- Você não tem outra opção até a cozinha abrir.
Bebi, quieta. Não era ruim, na verdade era muito bom. Comi até não sobrar nada e deitei minha cabeça no sofá. Ele esqueceria aquilo, certo? Errado.
- Me explique algo. Por que eu não te delataria?
- Como é? – A raiva ferveu em meu sangue – Isso não é da sua conta em 1º lugar; você não tem que se intrometer.
- Resposta errada. - Ele se aproximou de mim e quase tive um infarto. Mas minha dor de cabeça aos poucos diminuía. – Mas vou deixar essa passar. Me deve uma Megan.
- Como é Malik? Não te devo coisa nenhu...
-Contanto... – Ele me interrompeu, com a voz rouca – que não se repita. Nunca mais.
Caramba, por que ele estava falando aquilo? Tão sério?
- Quem você acha que é Malik? Me deleta pra quem quiser, eu não me importo com isso.
- Nem se for para a Lord?
- Você é um cretino desgraçado. Isso que você é.
Zayn apenas riu do meu insulto, o que me deixou com mais raiva ainda . Ele se levantou e saiu da sala, como se nada tivesse acontecido. Maldito Malik. Maldito e incrivelmente lindo. Maldito.
(Sem ar apenas com esse sorriso zayno, ai meu <3)
