terça-feira, 28 de julho de 2015

THE DARK SIDE - PRÓLOGO

— Acorda, menina! — Norrie ouviu a voz de sua tia Agatha, enquanto as cobertas eram puxadas — Por que não me disse que tinha vizinho novo? 
Ela abriu os olhos e deu te cara com Agatha curvada sobre ela, as mãos repletas de roupas sujas que ela se lembrava de ter jogado-as no chão ontem à noite. Os olhos azuis da mulher — que eram idênticos aos dela — o olhavam com intensidade, curiosos e divertidos, como sempre. 
— O que? — a voz de Norrie saiu rouca e pesada. Ela levantou o tronco e deu de cara com a luz forte entrando pela janela. 
— Seu vizinho novo. — ela equilibrou as roupas sujas em uma mão e com a outra puxou as cobertas novamente — Por que não me disse que venderam à casa dos Jackson? 
Norrie olhou para a tia com os olhos embaçados. Era sábado de amanhã e ela não conseguia responder perguntas em um sábado antes das 1h da tarde.
— Eu... eu sei lá — ela fechou os olhos novamente, esperando o sono voltar. 
Imediatamente Norrie lembrou dos Jackson. O casal de idosos mais amável que conheceu. Ela se sentiu mal por toda aquela negatividade que passou pelo seu corpo ao lembrar da tragedia, então quis espantar esses pensamentos para longe. Enquanto tentava retomar o sono interrompido, a voz de Agatha voltou a soar em seus ouvidos.
— Trate de acordar e pôr uma roupa descente. Vamos fazer uma visita para o novo morador.
Ela bateu a porta antes de sair, fazendo a cama tremer. Norrie xingou a tia e pôs-se de pé.
Agatha era uma irmã de seu pai, que três vezes por semana vinha e limpava toda à casa, fazendo um papel de empregada e dando uma força para o irmão e sobrinha. Tia Agatha era divorciada e tinha uma filho na universidade de Washington — que Norrie viu uma vez em um dia de Ação de Graças, há muito tempo. 
Desde que a mãe de Norrie morreu — há tanto tempo que ela nem se lembrava mais — sua tia tem substituído o lugar de mãe e ponto tudo em ordem. As coisas ficaram difíceis para o pai de Norrie, Bobby. Cuidar de tudo e pagar as contas não era possível, então Agatha cuida da casa e Bobby das contas. 
Norrie não sentia tanta ausência do pai. Ela sabia que Bob fazia o seu melhor e que amava a filha, então eles tinham um bom relacionamento — pelo menos quando o pai estava em casa. 
Um vento frio correu pela janela, atravessando o quarto que parecia quente há pouco tempo. 
Norrie foi até o banheiro, conferindo se havia alguma mensagem de seu namorado, Harry.
Não havia resposta alguma de Harry Styles, o primeiro cara de Norrie desde o nono ano. E agora, no ultimo ano do ensino médio, eles ainda estavam juntos. 
Aconteceu algo? Posso começar a ficar preocupada para hoje à noite ou não? Me mante resposta. Norrie xx.
E então ela enviou a terceira mensagem desde madrugada, quando Harry a deixou em casa depois de uma bela noite com os amigos. 
Ela escovou os dentes e depois colocou calças jeans e uma blusa preta. Não fazia ideia que havia um morador novo morando na casa da frente. Desde que seus vizinhos morreram de uma forma triste e medonha,
Norrie nunca mais olhou diretamente para à casa, mesmo que da janela de seu quarto ela tivesse uma vista privilegiada para os vizinhos. 
Descontente, desceu as escadas, sentindo o cheiro do café fresco. Na cozinha, sua tia terminava de enfeitar uma torta com morangos. 
— Dia de tortas não são nos domingos? — Norrie perguntou, servindo-se de café pelando.
— Continua sendo — Agatha respondeu, ponto os cabelos louros atrás da orelha — Essa aqui é para seu novo vizinho gato. 
Norrie quase cuspiu o café, dando uma risada engasgada. 
— Primeiro, essas coisas de receber vizinho novo não existe mais, é coisa de velho — a tia riu, fazendo rugas em seu rosto — E segundo, desde quando a senhora chama alguém de gato? Tenho certeza que o vizinho é careca. 
— Mas eu tenho certeza que não — ela cobriu a torta com a tampa de vidro do recipiente.
— Por que tanta certeza? — ela deu mais um gole no café, sentindo-se mais animada tendo cafeina no corpo.
— Nenhum careca tem uma BMW — Agatha falou, saindo da cozinha. — Agora vamos.
Norrie se perguntou quando a tia tinha ficado tão atrevida e velha enquanto a seguia para fora da casa. 
Pisar novamente no antigo gramado dos Jackson era estranho. Norrie perdeu as contas de quantas vezes brincou ali, se divertindo com os netos da sra. Jackson. Tudo ali se resumia a tragedia que ainda passava lentamente na cabeça da menina. Mesmo quase completando seis meses, tudo era medonho. 
O som da campainha tocando fez Norrie prestar atenção para onde estava. O hall da casa não havia mais flores e nem o cheiro de biscoitos com café. 
Sua tia Agatha formou um sorriso e olhou para a porta. Ela não estava querendo dar em cima do vizinho, estava?
Um minuto se passou e nada. A menina se sentia enjoada em pisar ali novamente. Estava prestes a dar meia volta e deixar sua tia sozinha quanto ouviu o som da tranca, e depois da grande porta se abrindo. 
Ele era completamente diferente do que ela imaginou — não que Norrie estivesse imaginando como seria o vizinho. 
O corpo era magro e alto, mas havia uma elegância que deixava seu corpo parecer perfeito. A pele morena estava coberta por uma blusa sem mangas, deixando aparecer alguns rabiscos de tatuagens. Seu cabelo era preto e estava molhado, assim como grande parte do corpo. 
— Olá — a voz enxerida e aguda de Agatha passou pelas orelhas de Norrie.
— O-olá — a voz do novo vizinho era rouca e surpresa. Norrie sentiu-se uma idiota por estar atazanando a vida do cara por causa da tia — Posso ajudar?
— Ah, claro — a tia de Norrie estendeu a mão com a torta — Nós estamos aqui para desejar uma boa mudança e boas vindas. Eu sou Agatha e essa é Norrie — e a tia puxou a sobrinha para mais perto, deixando ela aos olhos no novo vizinho. 
Norrie sorriu amarelo e depois cravou os olhos no rosto do novo inquilino da rua. Ele tinha as sobrancelhas bem marcadas, olhos mel e lábios lindos. Ele parecia ser tão novo quanto Norrie, mas por já ter uma casa própria, isso não era possível.
— Bom, obrigado. Eu sou Zayn. — ele sorriu e apertou a mão de Agatha, pegando a torta. Zayn se virou completamente para Norrie no hall, olhando-a tão firme que a menina sentiu as bochechas ficarem vermelhas. 
Zayn era uma especie de cara simpático e bonito, que certamente era comprometido.
— Olá, Norrie — Zayn estendeu a mão, mostrando a fileira de dentes brancos e alinhados perfeitamente. Sua voz era arrastada, como se ele estivesse adorando falar aquilo. O modo como pronunciou o nome dela foi sinistro, mas pareceu que só a confusa garota percebeu. 
— Olá, Zayn — Norrie respondeu, apertando a mão do novo vizinho. Ela era fria, mas macia. 
Norrie se sentiu fraca, mas depois voltou ao normal. Algo naquele cara parecia sinistro e ao mesmo tempo normal. Ele era enigmático. 
— Tenho certeza que irei adorar a sobremesa — voz voltou os olhos para Agatha, que sorria de ponta a ponta. — A vizinhança também parece ótima. 
Quando a tia de Norrie abriu a boca para falar, ela soltou:
— Você não se sente mal vivendo ai dentro? Você sabe que dois idosos morreram ai de uma forma horrível, não sabe? 
Zayn a olhou por alguns segundos, com olhos mel focados e surpreendentemente lindos. 
— Isso é coisa que se fale, menina? — Agatha se voltou para Zayn — Me desculpe por isso...
— Tudo bem — Zayn a interrompeu de uma forma gentil, voltando os olhos sinistros para Norrie novamente — Por que eu me sentiria mal, Norrie? 
Zayn esperou paciente pela resposta demorada da menina, que sentia-se estranhamente intrigada com aquele cara. 
— Pelos dois idosos que morreram ai — ela repetiu, encarando Zayn da mesma forma. Parecia que tia Agatha tinha sumido — Não se sente mal pelas almas? 
De repente, Zayn deu um leve sorriso para Norrie. 
— Pelas almas? — ele pareceu brincar com as palavras — Não tenha medo de gente morta, pequena Norrie. Tenha medo pelas que estão vivas.
Pequena Norrie? 
Ela se sentiu estranhamente incomodada com as palavras que Zayn usou. De repente, se sentiu uma criança conversando com o novo vizinho. Uma criança que não sabia da vida. Norrie o encarou, observando bem seus olhos misteriosos e brilhantes. De repente, aqueles mesmos olhos que pareciam rudes e interesseiros, ficaram simpáticos e até mesmo amáveis. 
Foi tudo estranho, como se Zayn fosse uma pessoa e no segundo seguinte fosse outra.
— Você esqueceu alguma coisa no forno? — a voz de tia Agatha fez Norrie parar de encarar Zayn, que nem olhava mais para ela. 
— A meu Deus! — Zayn soltou uma gargalhada, tão gostosa que ela pensou em rir também — Eu inventei de fazer cakes. 
Agatha riu junto com Zayn e, quando a menina percebeu, a tia já estava a puxando pela sala, indo em direção a cozinha. À casa estava diferente.
Não havia mais os moveis antigos quase relíquias dos Jackson. No lugar do antigo piano da família — que Norrie sempre quis tocar — havia uma mesa redonda cheia de papeis. Tudo estava diferente, mas era uma casa normal. Uma casa de uma pessoa normal. 
Quando Zayn abriu o forno, uma fumaça cinza saiu de lá de dentro. Ele pegou a travessa e colocou sobre a bancada. Os pequenos cakes não estavam tão maus. 
— Eu sou um babaca na cozinha mesmo — Zayn se queixou — Me desculpem por verem isso. 
— Sempre há um jeito para tudo — Agatha se virou para Zayn — Você tem pasta de amendoim ou geleia? 
Zayn confirmou e pegou tudo o que tinha na geladeira. 
— Você não vai comer, Norrie? — Agatha perguntou, enquanto mordia um cake. 
Em todo o momento a garota ficou quieta, observando os poucos utensílios que o novo sozinho tinha. Norrie se sentia incomodada com alguma coisa, mas essa coisa não existia. Era apenas uma paranoia, com certeza. 
— Hã, vou — ela disse e esticou a mão, pegando um dos pequenos cakes cobertos por uma boa camada de pasta de amendoim. 
Na verdade, estava ótimo. 
Tia Agatha começou a fazer perguntas sobre a receita para Zayn, e ele respondia com uma tranquilidade e simpatia. Zayn era uma boa pessoa. Aquilo que aconteceu no hall da casa com certeza foi uma paranoia na cabeça fértil e abobada de Norrie. 
Quando a menina percebeu, também estava na conversa. 
Zayn era tão convidativo e simpático que envolvia todos no mais simples assunto. A conversa ficava muito mais interessante com ele. Suas palavras engraçadas e cativantes fazia você querer conversar com ele por muito mais tempo. Ela já tinha esquecido as primeiras impressões. Zayn era um cara muito legal. 
Você está em casa? Posso passar ai? Harry xx.
Norrie leu a mensagem disfarçadamente no meio da conversa e deixou um suspiro escapar. Harry finalmente deu sinal de vida e estava vindo vê-la. 
— Han, eu vou ter que ir — Norrie falou, sorrindo — Foi um prazer te conhecer, Zayn. 
— O prazer foi meu, Norrie — Zayn respondeu, mostrando seu sorriso mais perfeito. Ela o encarou por uns segundos, admirando Zayn. Ele era perfeito — Qualquer coisa pode contar comigo.
— Hun, é, claro. Você também. Você não vem, titia? 
Agatha concordou e se despediu de Zayn, dando risinhos e tudo mais. 
O novo vizinho poderia até ser um cara muito legal e bonito, mas Norrie queria saber de seu namorado, cujo amava. 
— Você viu que gato? — Tia Agatha disse, assim que atravessaram a rua — É um ótimo pretendente. 
— Eu tenho namorado, tia — Norrie entrou em casa e gritou enquanto subia a escada: — E ele está vindo para cá! 
Ninguém se importava com o fato de Harry sempre está e dormir na casa. Ela já tinha 17 e logo estaria na faculdade, então tinha suas próprias responsabilidades.
Estou te esperando. Norrie xx
Ela enviou a mensagem para Harry e sentiu um vento frio entrar pela janela que tia Agatha escancarou mais cedo. Norrie xingou e foi fecha-la, se deparando com a figura de Zayn na janela do antigo quarto do casal Jackson, sorrindo para ela. 
Mas a forma de como ele sorriu foi igual a forma de quando estavam no hall. Misterioso e sinistro. Como se estivesse planejando algo ruim. 
Norrie sorriu de volta e fechou a janela, espantando os pensamentos ruins da cabeça. 
Os tempos frios haviam chegado.
CONTINUA...
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EOEOEOEOEOEOE
Oi, gente.
Essa é uma fanfic em conjunto com a @tommoblindado. Eu e ela escrevemos com muito amor e carinho pra vocês.
A primeira versão dela é Ziall, que é postada no Wattpad e Spirit (quem gosta de yaoi é só pedir o link).
Eu ainda volto com o ultimo capitulo de CMM! Esperem por mim.
(Esse prologo tinha um problema de postagem, eu já tinha postado há um tempão mas não sei se alguém viu porque aconteceu algum problema ou bugg no Blogger, mas agora ele está aqui.)
COMENTEM SE VOCÊS GOSTARAM.
se n gostou tbm comenta pq ajuda muito
EU AMO VOCÊS <3
@ZIAMPAU & @tommoblindado.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Change My Mind - 2ª Tp - Cap 12 - Progressive

NOTAS FINAIS.



Nunca pensei em como me sentiria quando tudo voltasse ao normal.

Quando finalmente a minha realidade voltasse. 

E, nesse estante, minha realidade era completamente diferente dez meses atrás. Naquela manhã estranha, enquanto minha mãe tentava ser o mais paciente possível comigo, eu não imaginava nada disso. Eu não queria nada. Era apenas para embarcar nessa nova vida – ou tempo intermediário, sei lá – que minha mãe havia me enfiado. 

Minhas lembranças não são tão claras assim, mas ainda me lembro de como sofri por sair de casa. Não era realmente rejeição que senti, mas o que eu tinha na cabeça era Vá embora porque você é uma pedra no caminho da sua mãe ou Helena não pode ter uma filha problemática como eu

Mas nunca, nunca achei que pudesse acontecer tanta coisa em pouco tempo. Não se passou nem um ano. Olhando assim, a vida é engraçada. 

Agora eu tenho muitos amigos, tenho um relacionamento bom com a minha mãe, e a cima de qualquer outra coisa que poderia ter acontecido comigo, encontrei alguém que, de certa forma, me deixa doente e me cura, me desconforta e conforta. Que eu amo e odeio. 

Talvez no nome disso seja sorte. Ou destino.

Quando fiquei cem por cento curada do meu acidente, as coisas voltaram a se encaixar. Minha mãe voltou para casa e, finalmente, voltei para a George Clark.

Era como se fosse a primeira vez e, ao mesmo tempo, como se fosse só mais um dia. Eu amava aquele lugar, muito. Amava todas aquelas pessoas, mesmo tendo uns casos a parte.

Eu estava em casa.

Andar com Zayn de mãos dadas nos corredores e sentarmos na mesma mesa nas refeições era estranhamente agradável. Ele estava ao meu lado, como eu sempre quis. No tempo em que escondia meu relacionamento com ele, sentia que estava enganando aquelas pessoas, mentindo sobre algo muito importante. Agora com tudo esclarecido, fica muito mais fácil.

O jeito de como ele me trata, o jeito como me olha só me faz ter mais certeza de que ele me ama. E o modo de como me sinto com tudo isso me da a certeza de que eu o amo. Parece simples.

Agora é simples.

Antes não era.

Era sexta e eu completava minha primeira semana em que tudo estava ok. Quer dizer, em que tudo estava no lugar certo. Eu começava a me acostumar com a rotina de ter Zayn ao meu lado na frente de todos. Andar de mãos dadas nos corredores e finalmente poder expor tudo que sentimos.

Ele tinha a sua fama de antes, como um cara boladão que só estava ali porque não aguenta a vida de viagens dos pais. Ninguém nunca entendeu bem o que ele viu em mim e, na verdade, nem eu entendo. Não entendia no começo sua implicância comigo. Seus jogos. Suas atitudes estranhas.

Ele apenas não sabia o que fazer sobre o sentimento que tinha por mim. E nem eu sabia o que fazer com o sentimento que tinha por ele.

E depois de tanta coisa, ele estava comigo.

Como as aulas de sexta feira acabaram mais cedo, já estávamos a caminho da casa dele de Londres. Não teria festa no internato e, mesmo que tivesse, eu não gostaria de ficar em qualquer outro lugar que não fosse com ele.
– Afinal de contas, – Zayn disse, dando uma olhadinha no retrovisor – quem te ensinou a dirigir? 
Eu sorri e afundei mais no banco, puxando as mangas do casaco para os dedos.
– O namorado da minha mãe – disse. – Acho que é namorado agora. 
– O Caleb?
– Isso.
– Quantas aulas? – ele olhou para mim por um segundo, depois voltou os olhos para a rua.
– Sei lá, talvez duas.
– Duas? – ele olhou para mim e dessa vez ficou mais tempo, porém eu fiz sinal para que ele olhasse para a rua. – Só duas? 
– É, duas. 
– Você tem noção disso? Tipo, em duas aulas você não aprende nada.
– Mas eu aprendi. 
– Deve ser por isso que você dirige tão mal. – ele riu.
– O quê? Por quê?
Ele me olhou de novo, com os olhos arregalados, como se eu fosse maluca.
– Você se meteu em dois acidentes em menos de dois meses.  
Bufei. Não me sentia bem quando ele se lembrava do primeiro acidente.
– O primeiro não conta. Não foi minha culpa. E eu tenho certeza que dirijo melhor que você.
Zayn deu uma risadinha.
– Eu tenho carteira, – ele tamborilando os dedos no volante – e você não.
– Mas eu logo tiro. Aqui eu já tenho idade para tirar. – rebati.
Zayn parou de sorrir e fitou a estrada. Eu fiquei esperando sua resposta sacana, mas não veio. Fitei seu rosto, perfeito e intacto. Ele estava com uma tensão, como se tivesse recebido uma notícia ruim. Será que não gostaria se eu dirigisse? Ou pensa que eu posso sofrer mais acidentes do que posso aguentar?

Espantei tudo da cabeça e virei o rosto para a janela.

Quando ele parou na guarita do condomínio, falando com o segurança, eu o olhei de volta. Seu rosto estava o mesmo; com aquela preocupaçãozinha chata piscando para mim. O que será de tão grave aconteceu?

Coloquei minhas penas para cima do banco e as abracei meus joelhos, enquanto ele dirigia pelas ruas do condomínio. Havia quando tempo que eu estive aqui? Sei que foram só alguns meses, mas pareciam anos.

Quando ele parou o carro em frente a casa que eu me recordava ter me assustado com o tamanho, peguei minhas coisas e logo subi as escadinhas da frente, esperando para que ele abrisse a porta. Eu não esperaria que ele ficasse emburrado pelo resto do final de semana, mas se continuasse com essa cara azeda, eu não iria aguentar.

Cruzei meus braços no hall da casa, fitando a placa de MALIK'S HOME e percebendo a nova camada de tinta que havia recebido, esperando que Zayn chegasse logo com as chaves. Mas estava demorando demais.

Quando me virei, ele estava encostado no Land Rover, as mãos enfiadas no bolso da calça.
– Vem cá – ele disse. 
– O quê?
– Vem cá – ele disse de novo.
Forcei meus braços sobre o peito, olhando para os lados enquanto descia os pequenos degraus no hall.
– Antes da gente entrar, eu queria falar com você sobre... bem, sobre...
– Você quer congelar aqui fora? – eu perguntei – Pode me dizer qualquer coisa lá dentro, com o aquecedor ligado.
Ele olhou para mim por um estante, com os olhos dourados reluzindo a pouca luz do sol que já nos deixava, antes de tirar a grossa jaqueta e jogar nos meus ombros, meio desajeitado.
– É serio isso? – eu disse, ajeitando a jaqueta. Cheirava o mais perfeito perfume de Zayn. – Eu não estou entendendo nada. Qual é o assunto que as paredes da sua casa não podem ouvir?
Zayn enfiou as mãos novamente nos bolsos.
– Quando você falou em tirar a carteira de motorista aqui, eu me lembrei de algumas coisas...
– Que coisas? – eu rebati rápido. Zayn estava dando voltas intermináveis.
– Você só tem visto de estudante da Inglaterra. Não pode tirar carteira, não pode fazer nada que não seja estudar aqui e, bem, sabe se lá quanto tempo seu visto vai durar. Eu tinha conversado com sua mãe sobre isso, mas ela me disse que até você se formar na George Clark não tem problema. Mas e depois?
Eu fitei o rosto dele, procurando algo de suave, que sempre existiu, mesmo ele estando sério. Mas eu não encontrei nada. O rosto de Zayn estava retorcido em uma careta estranha, enquanto esperava minha resposta.
– C-como assim? 
– Quando você terminar seus estudos na George Clark, o que pretende fazer? – ele ainda não tinha tirado as mãos do bolso, estava completamente parado. Não tinha se mexido um centímetro.
– Eu, bem... quero ir para a faculdade.
Eu nunca tinha pensado muito bem que faculdade fazer. Parecia uma coisa muito distante e confusa. No tempo em que eu deveria estar pensando nisso, aconteceu a coisa toda da morte do meu pai, então meio que eu esqueci de todo o sentido da adolescência; programar o futuro perfeito.
– Que faculdade? – Zayn estava me pressionando? 
– Eu não sei ainda. – engoli a seco e fechei a jaqueta dele até o pescoço quando um vento frio nos atingiu. Eu estremeci. – Temos uns meses ainda até a formatura e as visitas as faculdades.
– Eu não tenho mais tempo. – ele praticamente sussurrou.
– Como assim não tem mais tempo? – minha voz saiu fraca. Por que eu não estava gostando do rumo que essa conversa estava tomando?
Zayn finalmente se mexeu, tirando as mãos dos bolsos e passando pelo cabelo, jogando para trás a pequena franja que caia em metade da testa, bagunçando ainda mais.
– Eu recebi umas cartas de algumas faculdades para arquitetura e design. – ele mordeu o lábio, como se quisesse não dizer aquilo.
– Ual – foi o que eu consegui dizer.
Nunca pensei com clareza sobre isso, sobre o que iriamos fazer depois de sair da George Clark. Na verdade, eu sempre pensei que não terminaria meus estudos no internato. Eu não planejava ficar mais que seis meses. E de repente, estou nessa situação.

Eu ainda não tinha muita ideia sobre o que seguir na minha carreira. Afinal de contas, eu iria seguir essa carreira pelo resto da vida. Mas seria tão difícil assim para nós? Eu sabia que esse dia iria chegar, só que já estava muito em cima, me pegando desprevenida.

Olhei para Zayn novamente. Ele me encarava, com os braços cruzados e o cabelo bagunçado. Respirei fundo e juntei minhas forças.
– Eu não queria dizer isso agora e acho que estraguei tudo, só que esse assunto vem enchendo minha cabeça há muito, muito tempo e você nem imaginava. Eu fiz uma grande, um enorme merda te contando isso agora. – ele disse rápido demais para meus sentidos o acompanharem.
Zayn chegou perto de mim, tão perto que o frio não existia mais. Era apenas o calor que emanava para mim, me deixando curada de qualquer angustia.
– Não, não fez merda nenhuma. 
– Fiz sim, – ele beijou minha testa. – e você vai entender. Vem, vamos entrar. 
Ele pegou minha mão e me puxou para o hall da casa. Seus dedos estavam frios, mas a pele parecia se esquentar rápido demais em contato com a minha. Talvez ele estivesse dito que estragou tudo por colocar essas preocupações na minha cabeça. Mas eu precisava saber. Era o meu futuro, que de certa forma, colidia com o dele.

Quando pensei que Zayn iria puxar o bolo de chaves do bolso, ele apenas abriu a porta. Eu iria perguntar por que a porta já estava aberta, mas o coro de SURPRESA! me paralisou.
– Surpresa – Zayn sussurrou no meu ouvido. Eu pude escutar porque o som do mundo pareceu parar e só a voz dele conseguia chegar até mim.
Olhei para ele que, apesar de toda a conversa que tivemos lá fora, sorria. O sorriso mais perfeito que já vi.

A casa dos Malik estava abarrotada de adolescentes da George Clark. Eu ainda estava parada na metade do corredorzinho da entrada para a sala principal, mas já conseguia ver muito mais gente do que gostaria. Havia uma facha gigantesca de BEM-VINDA DE VOLTA, SEUNOME! pendurada em um dos lustres.
– Você achou que depois de quase morrer nós iriamos deixar sua volta passar em branco? – alguém gritou lá do fundo. 
Eu ainda estava parada, me agarrando ao braço de Zayn como se ele fosse minha tábua salvadora em um naufrágio. O que toda essa gente estava fazendo?

Como se estivesse passado nem um segundo que eu pus o pé na casa, uma música alta começou a tocar. O chão tremeu e o vidros na janela tremeram com a potencia do som. Quando eu iria me virar para Zayn, vi um rosto muito conhecido na multidão.

Izy carregava um bandeja com bolinhos coloridos. Ela arregalou os olhos e veio até mim, enquanto resmungava:
– Estou sempre atrasada. 
Seus braços magros me envolveram em um abraço apertado.
– Bem-vinda de volta.
– Obrigada – eu sorri. – Bela surpresa.
– Cada um ajudou um pouquinho – ela me abraçou de novo – Não ligue se tiver música ruim, Harry é o DJ.
Eu ri e acenei com a cabeça.

Uma penca de gente apareceu do nada para me abraçar, dizendo que estava esperando a festa para me dar ''boas-vindas'' e que seria estranho me parar nos corredores da escola para dizer isso. Eu apenas concordei, sabendo que mais da metade daquelas pessoas estavam ali para finalmente conhecer algo sobre Zayn. Pelo o que eu sabia, ninguém sabia algo sobre a vida dele. E essa foi uma ótima oportunidade.

Quando eu finalmente consegui passar pela sala principal e entrar no segundo ambiente, reparei que também havia pessoas aos montes no jardim lateral. Será que todo o internato estava aqui? E como eles não conseguiram fazer barulho enquanto eu conversava com Zayn no hall da casa?

Eu já estava exausta quando finalmente me sentei em um sofá, com todos os meus amigos de verdade. Zayn estava ao meu lado, segurando minha mão. Liam estava no meu outro lado, seguido por Alex e Niall, depois Emily e Philip. Julia e Izy estavam por ai, já que eram as organizadoras da parada toda.
– Eu não acredito que isso está acontecendo – disse e observei toda aquela gente amontoada pela casa. – Precisava de toda essa gente?
Liam deu risada de mim.
– Esse ai fez questão de dizer para quem quiser vir – ele apontou com a cabeça para Zayn – Fez um bom marketing.
Eu ri apertei a mão de Zayn.
– Claro. Se fosse só por mim ninguém viria mesmo.
Eu disse sarcástica, mas sabia que no fundo era verdade. Ninguém – tirando os meus amigos, claro – sabia da minha existência, e sei que só souberam pelo meu acidente e por ter revelado que tive um caso com Zayn, que agora virou uma coisa séria.

Me arrastei por mais uma hora naquele sofá, fingindo estar gostando daquilo tudo. Eu sei que só os meus melhores amigos estivessem vindo, enquanto comíamos penas pizza com coca-cola, eu estaria muito feliz.

Izy e Julia já haviam voltado, mas às vezes tinham que resolver problemas com o gelo e comida. Eu me perguntava o porquê de tudo isso, serio. Tudo bem, eu quase morri e blá blá blá. Porém metade dessa gente nem falava comigo.
– Onde você vai? – Zayn puxou minha mão assim que levantei do sofá.
Eu não conseguia ver o rosto dele direito, graças as luzes improvisadas que piscavam estranhamente. Eu sabia que, mesmo ele não demonstrando, a aquela angustia sobre o assunto do meu visto na Inglaterra ainda estava nele.
– Banheiro. Já volto.
– Vá nos banheiros de cima, mas não deixe ninguém te seguir. – ele soltou minha mão,
Eu concordei, mesmo não sabendo do que ele estava dizendo. Saí da sala e fui em direção a escada, passando pela multidão. Havia uma fita fluorescente na entrada da escada, com uma plaquinha de NÃO ULTRAPASSE. PERIGO.

Eu ri daquilo e, sem que ninguém percebe, passei por baixo da fita, subindo rapidamente a escada. Tudo parecia ter ficado calmo de repente, apenas com um murmúrio baixo vindo lá de baixo. Eu corri para o único quarto que eu sabia exatamente onde ficava.

O quarto de Zayn parecia intocável, com as paredes abarrotadas de desenhos e pichações. Senti como se o tempo não estivesse passado, como se fosse o dia em que vim aqui pela primeira vez, quando dormimos apertados no sofá lá de baixo.

Fui para o banheiro do quarto, me encarando no espelho que cobria toda a extensão da pia. Eu estava usando meus jeans escuros e um os sueters enormes que minha mãe havia comprado para mim. Eu não estava a pessoa mais atraente do mundo, mas também achava que nem chegava aos pés de Zayn. Na realidade, como a coisa toda aconteceu?

Abri a torneira na água quente e lavei o rosto. Completava quase um ano que minha vida tinha virado de cabeça para baixo. O que será que eu aprendi nisso tudo?

Observei o quarto de Zayn e imaginei quantas noites ele dormiu aqui. Será que passou a infância viajando ou teve uma casa fixa? Me passou pela cabeça quantos quartos ele teria ao redor do mundo.
– Tudo bem ai? 
Me virei e encontrei Zayn no meio do quarto. Eu estava perto da janela, observando um grupo de pessoas beberem no jardim. Idiotas.
– Sim, por quê? – eu respondi, 
– Nada. – ele de ombros. Seu cabelo estava bagunçado, caindo pela testa. Estava bonito. – Se você quiser dormir agora...
Eu encolhi os ombros.
– Eu gostaria muito, mas acho que as pessoas...
– Não ligue para as pessoas. – ele chegou perto e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha – Pode dormir, esqueça as pessoas lá em baixo.
Eu sorri. Olhei seus olhos dourados e depois para o contorno perfeito de sua boca. Talvez fosse sorte minha mesmo ter ele para mim. Meu corpo aqueceu quando ele se curvou e seus lábios ficaram bem próximos aos meus e, de repente, já estavam perfeitamente moldurados aos meus. Me senti quente e anestesiada. Não existiria nada melhor do que a boca dele junto a minha.
– Eu... eu vou lá em baixo pegar sua mochila – ele disse. Sua voz estava baixa, mas ele estava perto demais – Enquanto isso você pode ir tomar um banho. 
Concordei com a cabeça, passando meus braços por suas costas até abraça-lo. Meu rosto estava enterrado no seu peito. Eu estava tranquila, sonolenta. Com ele ali tudo parecia calmo e o murmurio da música lá em baixo nem parecia existir.
– Sim, obrigada – eu murmurei. – Depois você pode voltar e aproveitar a festa para...
– Que? – ele me interrompeu. Seus olhos agora pareciam mais brilhantes, perfeitos. – Você acha que eu vou voltar para lá? – Zayn me fitou. Mordi o lábio e, vendo que eu não sabia o que responder, continuou: – Não tem graça sem você. 
Minha boca secou.

Tudo bem. Tudo bem.
– Han, então tá. – eu disse. – Só acho que há adolescentes e vodka demais lá em baixo, talvez não dê certo. 
Zayn deu de ombros.
– Não ligo pra eles. Nossos amigos sabem controlar tudo aquilo lá. – ele deu uma risadinha. – Nessa casa o mais importante é o andar de cima, por isso ninguém pode subir. As coleções de quadros e esculturas da minha mãe ficam aqui, não poderia deixar adolescentes bêbados tropeçarem em um deles. 
Concordei com a cabeça. Fazia sentido.

Meio minuto depois, Zayn já havia saído do quarto. Eu me senti estranhamente sozinha e cansada. Corri para o banheiro, me certificando que havia toalhas antes de entrar no box tamanho GG que era praticamento todo o nosso banheiro no internato. Pendurei sua jaqueta cheirosa no gancho do banheiro, cheirando-a por uns segundos.

Me joguei sobre os jatos quentes de água, sem pensamento algum. Talvez agora eu pudesse relaxar, ou simplesmente passar algumas horas sem pensar em nenhum tipo de problema. Quando desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, observei o banheiro e minha mochila estava em cima do balcão da pia.

Me vesti com meus moletons e finalmente me senti confortável. A cicatriz da minha cirurgia estava quase sumindo; apenas um rastro estranho pela costela. Eu ainda tomava um remédio para meu corpo aceitar o pino que foi colocado, mas fora isso eu estava cem por cento.

O quarto de Zayn estava vazio e o zumbido lá de baixo continuava o mesmo. Eu andei até a prateleira e notei que não havia muitos objetos dele lá e, imediatamente, me toquei que ele nunca fica muito tempo aqui. Não tinha como ser a casa dele, porque havia muitas outras.
– Que foi? – ouvi a voz dele. 
Zayn estava de volta no quarto, carregando um prato na mão.
– Nada.
– Toma – ele me entregou o prato – Peguei comida para você. 
Havia salgadinhos, biscoito e um cupcake, arrumados do melhor jeito que ele conseguiu.
– Obrigada – disse e fui até a cama, me sentando na ponta, dobrando as pernas – Tudo sobre controle lá em baixo? 
Ele deu de ombros.
– A mesma coisa.
Zayn sentou no outro lado da cama, me observando.
– Você acha que a festa foi demais? Quero dizer, desnecessária?
Eu estava com a boca cheia, mas engoli rápido para responder.
– Não, claro que não. – me virei para ele. Seu rosto estava sereno, iluminado pela luz do quarto. – Isso foi incrível. Tudo bem que a maioria das pessoas lá em baixo não estão nem ai, mas mostrou que vocês, meus amigos de verdade, se importam. Ter amigos é maravilhoso. 
Ele sorriu e eu sorri junto. Não havia nada de melhor do que o sorriso dele.
– É que eu achei...
– Não e não. Vindo de vocês uma coisa assim nunca é demais. Eu amo isso. – eu disse, e ele sorriu com ternura – Talvez eu esteja cansada demais para ficar até o final, mas isso não quer dizer que não gostei. 
Eu sorri, porque estava falando a verdade mais linda sobre os meus amigos. Eu os amava, demais. Passei muito tempo na minha vida sem amigos, existia Lindsay e Jack, mas eles já eram em um nível que parecíamos irmãos. E ter amigos como aqueles era um presente que eu jamais encontraria um jeito de agradecer.
– Que bom que se sente assim. – Zayn sorriu. 
Meio segundo depois, ele estava me abraçando. O calor de seus braços em volta de mim me deixava feliz instantaneamente.
– Deveríamos conversar – a voz dele estava perto do meu ouvido, tão serena que poderia me ninar – Sobre todos os assuntos.
Me dei a liberdade de ficar uns segundos pensando sobre aceitar essa proposta. Nós tínhamos muito o que conversar, mas eu estava me sentindo muito bem para começar a pensar sobre problemas. Eu só queria ficar com ele, não importando mais nada. Mas a vida não era fácil assim.
– É – eu disse, mesmo contra minha vontade – Deveríamos conversar.
Zayn tirou os braços em torno de mim bem devagar e depois encostou as costas na cabeceira na cama. Seu cabelo caia sobre a testa, mas ele os puxou para cima com os dedos, deixando-o desgrenhado.
– Primeiro – ele tossiu, endireitando os ombros, – preciso saber exatamente o que você quer fazer da sua vida. Tenho que tomar decisões e tenho certeza que qualquer que for a sua, eu irei aceitar.
Observei seus olhos dourados brilharem. Ele estava me encarando tão profundamente que tudo o que dizia eu sabia que era verdade e, a cima de tudo, amor.
– Qual tipo de decisão?
– Faculdades.
Eu engoli a seco.
– Eu não me escrevi para nenhuma ainda. – fiz uma careta – Achei que teria mais tempo... ou achava que nem iria fazer uma. Minha mãe sempre fez questão, mas eu achava que não tinha tanta importância. 
Zayn me ouviu pacientemente, seus olhos transbordando ternura.
– E agora tem importância? – ele perguntou.
– Tem... eu até pensei em uns cursos.
– Quais? – Zayn sorriu. 
– História – disse e encostei na cabeceira também. – Eu gosto de história.
– É um bom curso.
Eu concordei o fitei o quarto em silencio. A batida da musica soava como um zumbido estranho, entrando pela fresta da janela. Eu não sabia até quando a festa duraria, mas desde que não desse problema, tudo bem.
– Quando você recebeu suas primeiras cartas para as faculdades? – perguntei.
Zayn levantou da cama e apagou a luz do quarto, acendendo um abajur. Me permiti deitar e cobrir as penas com a coberta. A roupa de cama tinha o mesmo cheiro do cabelo dele. Era incrivelmente perfeito.
– Han, bem... – ele ajeitou um travesseiro e deitou ao meu lado. Ele encarava o teto. E eu o encarava – Uns dias depois de você voltar para casa. Recomeçar lá, sabe?
Havia tanto tempo assim? Fazia quase três meses de quando voltei para casa. Ele guardou isso por tanto tempo?
– Sei – respondi. Meus lábios tremeram em pensar dele recebendo as noticias – Você recebeu propostas rápidas das faculdades.
Zayn deu de ombros.
– Meu pai me escreveu adiantado em todas. Digamos que ele sempre mecha os pauzinhos para facilitar.
Soltei uma risadinha, mesmo não achando graça. Era claro que o pai dele mexia os pauzinhos. As mãos de Zayn passaram pelos meu braço, enroscando-me nele ainda mais na cama. Seu cheiro estava forte e me deixava fraca.
– Ele quer o seu bem – disse e me ajeitei em seus braços. – Acho que por isso ele te colocou de volta na Georgle Clark. 
 Zayn soltou um riso estranho. Seus braços me apetaram mais e, antes de começar a falar, ele respirou fundo.
– Ele não me colocou diretamente – ele disse – Eu fui expulso, mas ele aceitou qualquer coisa para me colocarem lá de volta. 
Mordi o lábio.
– Seu pai ficou muito furioso? – perguntei. Tinha medo do que ele poderia responder.
Zayn encarou o teto do quarto. Ele fez silencio por uns segundos e então eu consegui escutar de volta aquela batida da musica lá de baixo.
– Acho que não ficou furioso. – enfim ele respondeu com sinceridade – Para ele não foi problema, para mim, sim. 
– Por que voltar para o internato foi um problema? – perguntei e logo depois me arrependi. Se ele quis sair algum momento, foi por minha causa.
– Não tinha mais graça aquilo lá – ele respondeu. Senti as pontas dos meu dedos ficarem frias de repente. – Você não estava lá e eu não queria mais continuar. Não havia motivo. 
Respirei fundo, apertando o tecido da blusa dele. Eu não tinha nada para falar, estava tudo tão embolado na minha cabeça que o máximo que eu poderia fazer agora era chorar. Chorar porque ele sofreu, sofreu por mim. E eu sofri por ele.
– E aquele jeito foi a mais sensato de querer sair? – minha voz não passou de um sussurro estranho. – Ficando bêbado?
Zayn se remexeu e, por incrível que pareça, soltou um risinho.
– É, não foi o mais sensato, mas eu estava sem ideias. – ele deu uma pausa. Talvez estivesse sorrindo, mas eu não conseguia ver direito – E eu não estava bêbado de verdade. 
Hein?

Todo mundo me contou a mesma história; Zayn bebeu e ficou maluco indo na sala de Madalena com uma garrafa de sei lá o que na mão. E agora ele estava desmentindo tudo? Levantei meu tronco e me apoiei nos cotovelos para poder ver seu rosto.
– Não estava bêbado de verdade, é?
Zayn balançou a cabeça, rindo deliciosamente.
– Não.
– Então o que...
– Eu não queria ficar bêbado, só queria sair dali. – agora ele ficou sério, olhando para mim – Comprei uma garrafa de whisky, joguei metade na pia e fui encarar Madalena.
O que?

Zayn estava sóbrio quando armou essa cena?
– Você é maluco – eu disse. 
Ele deu de ombros.
– Mas não adiantou nada. Eu fiquei a noite inteira ouvindo um empregado do meu pai falar no telefone e, depois de tudo, me mandar de volta para o internato. 
Eu fiquei em silencio, absorvendo toda aquela informação. Zayn tinha marmado muita coisa, trabalhando em uma mente estranha. Me perguntei como ele deveria ter ficado quando fui embora.
– Mas não voltou tudo ao normal, você nem na nossa turma está mais – eu o lembrei.
– Isso agora é um problema, mas naquela época para mim não tinha diferença. Ficar bêbado ou não, não tinha diferença. Continuar na mesma turma ou não, não tinha diferença. Eu estava apenas sobrevivendo. 
Sobrevivendo. 

Era exatamente o que eu estava fazendo na minha casa. Quando voltei, o que eu fiz foi sobreviver. Sobreviver e sobreviver. Duas pessoas podem mesmo sentir a mesma coisa?
– Sobrevivendo – eu murmurei.
Senti vontade de chorar, vontade de apagar tudo aquilo da memória dele. Queria que tudo fosse diferente, que nada tivesse acontecido.
– Mas agora as coisas estão melhores – ele disse e depois respirou fundo, como se estivesse aliviado – Você está aqui.
Ele passou os braços em volta de mim, me apertando contra seu corpo. Eu sentia o color de seu corpo junto ao meu. Quis beija-lo.
– Sim, estou – disse. Meu rosto estava contra sua blusa e eu sentia seu cheiro gostoso. Reorganizei meus pensamentos e respirei fundo – Então você não estava bêbado e só fez isso para ser expulso?
– Sim – ele confirmou.
Eu ri e apertei o tecido de sua blusa entre meus dedos. Zayn queria mesmo sair do internato de qualquer jeito? Tudo por minha causa?
– Mas quando você foi no meu dormitório você estava bêbado, mas bêbado de verdade. – disse e senti um sorriso se formando nos lábios dele. 
– Eu estava mesmo. – ele riu, como se fosse algo muito engraçado. Naquela época eu não achava nada engraçado. – Mas era diferente...
E então, num movimento rápido demais, o corpo dele já estava sobre o meu. Suas mãos passaram pela minha coxa, subindo bem devagar, parando na minha cintura. Eu prendi a respiração, sentindo meu corpo corresponder a ele. Seu rosto ficou a centímetros do meu, tão perto que eu conseguia sentir seu hálito.
– Era diferente porque eu estava muito, muito puto com você – Zayn sussurrou, com seus lábios quase juntos aos meus. Fechei meus dedos no tecido da sua blusa, sentindo meus músculos tencionarem – Eu tinha credito pra fazer o que eu quisesse, não tinha?
Eu estava tentando processar o que ele estava falando, porque seu corpo sobre o meu não me deixava pensar direito. O calor de suas palavras me deixava tonta e eu queria beija-lo.
– Não... não tinha. Você não podia fazer o que você quisesse. – eu soltei como um murmuro, mordendo meu lábio e empurrando minha cabeça contra do travesseiro, para ver seus olhos – E ainda vomitou no meu banheiro.
Zayn soltou o ar pelo nariz, rindo. Seu riso foi tão gostoso que tive vontade de rir com ele.
– Você mereceu – ele disse. 
Me remexi embaixo do seu corpo. Eu não gostava de quanto ele lembrava do tempo que ficamos separados. Odiando um ao outro.
– Tudo bem – falei.
Ele continuou olhando para mim, os olhos brilhando no escuro.
– Eu sentia sua falta – ele disse rápido. – Sentia muito a sua falta e, quando você voltou, foi pior ainda. Eu só queria desaparecer. Você... tinha voltado e eu não sabia o que fazer, e então eu bebi.
Fiquei observando seus lábios entreabertos. O jeito como ele disse que sentia a minha falta era estranhamente bom e ruim. Bom porque ele me queria por perto, e ruim porque ele sofreu.
– Eu quero beijar você – eu sussurrei.
 Zayn soltou um sorrisinho e baixou o rosto, chegando perto do meu novamente.
– Então me beije, por favor – pediu.
E então eu o beijei. Seus lábios quentes e macios contornaram os meus, bem devagar. Ele apertava minhas coxas, mantendo meu corpo contra o dele. Não existia nada. Só ele. E eu o amava. Se nossa historia acabasse aqui e agora, teria valido a pena. Desdo inicio.

Meus dedos passaram de sua nuca até o final das costas. Sua pele era macia e meus dedos pinicavam em contado com ele. Talvez fossemos perfeitos um para o outro. Talvez até ele fosse perfeito demais para mim. Nunca poderia saber.

Eu o senti suspirar quando comecei a tirar sua blusa.

CONTINUA....

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OI GENTE BONITA

NOA ME MATEM POR FAVOR
obs: se alguém ainda acompanha CMM, se você ainda está vivo e não quer meus nervos fritos, obrigada.

Esse era para ser o ultimo capitulo mas eu só tenho isso escrito e se eu fosse escrever tudo em um capitulo só iria ser uma bíblia e só iria ser postado em dezembro.

Então fiquem como esse capitulo chato. Falem a verdade, tá chato, né.

Eu sempre coloco um texto falando sobre os problemas que eu enfrento para escrever a fanfic, mas agora eu só direi as palavras chaves.

CTUR. FÍSICA. OLERICULTURA. QUIMICA. RECUPERAÇÃO. PC RUIM. TO MUITO FODIDA.

É isso gente. Espero que ainda me amem.

AAAAHAHHH JÁ IA ESQUECENDO.

QUEM VIU A NOVA FANFIC DO BLOG?????

THE DARK SIDE TÁ CHEGANDO PARA ABALAR.

E não esqueçam de CONDUTORES, eu ainda vou escreve-la.

GENTE EU AMO VOCÊS DEMAIS OBRIGADAAAA OPWDSKOWPJD TO PASSANDO MAL AQUI

comenta ae pvf sei lá se achar uma merda comenta tbm brigada veleu to indo e essa nota ficou enorme bj
larry is real

domingo, 24 de maio de 2015

THE DARK SIDE



THE DARK SIDE COM ZAYN MALIK





Quando um vizinho perfeito demais se muda para à casa da frente, não devemos desconfiar? 
Norrie tinha uma vida pacata e estável, morando em uma cidade pequena no Oregon. Fazia planos para a faculdade junto com seu namorado Harry e seu melhor amigo, Louis. Depois que seu vizinho lindo e misterioso se mudou, fenômenos estranhos e tragédias começam a colocar a vida da garota em risco. Qual seria o motivo de tantas mortes e sofrimento? Tudo não passa de uma serie de azar ou há um culpado? Norrie tentará descobrir, mas poderá acabar de cara com a morte.

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História desenvolvida e escrita por @ZIAMPAU & @TOMMOBLINDADO

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CAPÍTULOS



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Change My Mind - 2ª Tp - Cap 11 - Bastava.

A lua, as estrelas, não são nada sem você
Seu toque, sua pele, por onde começo?
Nenhuma palavra pode explicar o jeito que estou sentindo sua falta
A noite, esse vazio, esse buraco que eu estou dentro
Essas lágrimas, contarão suas próprias histórias
- Lay Me Down

– Eu queria uma com piscina, mas todas já estava alugadas – Helena soltou um riso – Mas a corretora disse que mesmo assim nós não iriamos aproveitar, porque o frio está de lascar.
Eu sorri para ela enquanto olhava para a casa média, em um conjunto de casas coloridas em um bairro que eu nunca ouvi falar. Aqui ficava uns 30 minutos do centro, mas eu realmente não sabia onde estava. 
– Ah, sim. – minha mãe segurou no meu braço para me ajudar a subir os degraus, embora eu não precisasse de ajuda – Eu posso fazer isso.
Ela deu um sorrisinho e concordou com a cabeça. Foi um pouco torturante para mim ficar três semana sozinha com Helena no hospital. Sei que ela queria que eu não ficasse sozinha, e entendia todas as formas protetoras de mãe que ela fez para que eu me sentisse bem, mas o que eu precisava agora era um pouco de paz. 

E um tempo sozinha, o que eu não tinha conseguido. 

Recusei todas as tentativas as pessoas tentarem me visitar. Como sempre, meu subconsciente achou infantil, mas eu precisava. Colocar minhas ideais em dia e apertar os pontos frouxos da minha vida. Queria um tempo sem ninguém, apenas eu e eu, mas não foi possível. 

Cada pensamento meu ligava-se diretamente a Zayn. Tudo o que eu fazia ou pensava o envolvia. 

E tudo isso só me fazia me arrepender sobre ter mandado-o ir. Sei que ele entendeu e, naquela hora, parecia a melhor coisa a ser feita. Eu concordei com minha mãe, porque ela estava certa e talvez eu esteja fazendo tempestade em um copo de água, mas eu queria te-lo aqui. 

A porta da casa estava aberta e então eu entrei, enquanto minha mãe tirava minha mochila do carro – que ela alugou, junto com a casa. A casa era aconchegante e quente. Havia uma lareira e as paredes eram revestidas de madeira, sofás de couro e enfeites por todo o lado. 

Fiquei feliz em ter uma lareira, porque não tínhamos na nossa casa.

Respirei fundo, agora sem medo de sentir dor. Eu não estava tão mal assim como estava na semana passada, até conseguia esticar meu braço. O corte estava praticamente todo cicatrizado, apelas um relevo na minha pele. Embora eu quisesse voltar o mais rápido possível para o internato, a médica disse que minhas costelas precisam de mais um tempo para se recuperarem.

Minhas mãe, claro, concordou e não me deixava fazer nada.
– E então? – Helena me perguntou, me olhando enquanto eu tirava o casaco. 
– Adorável – sorri e me sentei no sofá, entrelaçando minhas pernas – Perfeita demais, mãe.
Ela sorriu e tirou o casaco. Me sentia bem aconchegante agora.
– Você ainda não viu o andar de cima – minha mãe sorriu. Sorri também e depois desvirei os olhos para a lareira apagada. Ficou um silencio estranho, e Helena falou de novo – Não entendo porque você não quer receber visitas. Juro que se não fosse por isso agora estaria rolando uma festa de boas-vindas aqui. E também não entendo porque Zayn nunca mais...
– Mãe! – eu a cortei – Foram escolhas minhas. Tudo voltará a ser como era com o tempo. 
Desvirei os olhos para a lareira novamente. Eu queria um tempo de paz, e talvez minha mãe não estivesse me ajudando.
– Hum, ok. – ela deu a volta pela salinha e sentou no braço do sofá, pegando o controle em algum canto, e, imediatamente as brasas da lareira apareceram. 
Eu queria que meu coração fosse aquela lareira. Queria ter um controle que poderia aquece-lo daquela forma, em brasas quentes e altas, me dando alegria. Mas não era tão fácil assim.

Minha mãe deu um beijo na minha bochecha antes de sair, acho que para a cozinha. Tenho certeza que ela iria fazer uma sopa, que consequentemente eu iria rejeitar. Queria comer comida solida, mas ela falou para mim esperar mais um tempo. Enquanto isso, me sustendo com pequenos pedaços de pão.

Enquanto olhava para a lareira, repassei tudo o que vive até chegar aqui novamente. Desde quando Zayn me rejeitou pela primeira vez a agora, enquanto olho as brasas amarelas que me aquecem.

Admito que por um tempo eu queria acabar com tudo, e mandar Zayn ir se ferrar, porém eu sempre soube que não seria fácil. Um pouco antes do acidente, enquanto eu perambulava pelo acostamento da estrada, com Zayn berrando para que eu parasse, estava decidida a deixa-lo. Se ele não me queria mais, por que ficar em cima dele?

Mas então tudo se apagou.

E depois, ficou mais ou menos bem. Zayn ainda me queria, e isso era o que – na maior parte do tempo – me fazia querer sair do hospital logo.

Eu ainda o quero, ainda mais do quis nesse tempo todo, porque sinto falta dele. Muita falta. Mas por outro lado, compreendo porque pedi esse tempo. Eu precisava ficar boa, sem nenhuma lembrança do que aconteceu na minha vida por causa daquele acidente.

O acidente só servil para mostrar o quanto eu o amo e o quanto ele me ama.

Saber que alguém ama você é estranho.

Uma pessoa qualquer no mundo, te conheceu e te ama. É difícil de entender, porque não é um amor de mãe, de parentes ou de amigos; é um amor único. Ninguém sente algo como aquilo.

E é difícil acreditar. Para mim, não era possível que realmente isso pudesse acontecer.

Mas aconteceu, e agora estou aqui, pensando no amor.

Me encolho no sofá, observando o fogo controlado da lareira. Gostaria que tudo fosse mais fácil. Mas não é.

Enquanto estava no hospital, saberia tudo o que ocorreria; chegaria em casa; passaria mais alguns dias sobre os cuidados da minha mãe, e então, voltaria completamente renovada para o internato.

Mas agora nada disso parecia funcionar.

Primeiro porque eu me senti bem, não o cem por cento como queria, mas eu estava realmente muito melhor. E segundo, Zayn era a coisa mais importante para mim agora. A minha vontade de vê-lo era insaciável. Em todo esse tempo, ele foi a única coisa que permaneceu fixa nos meus pensamentos.

Eu queria muito sair daqui, ir voando para o internato, mas ninguém permitiria. Teria que agir escondido.



– Ei, querida – Helena me sacudiu gentilmente – Vamos jantar? 
Sentei no sofá, resmungando que já iria. A lareira ainda estava acesa e minha mente bagunçada. Dormir por quanto tempo?

Quando entrei na cozinha, Helena servia a comida na mesa pequena. A cozinha era revestida por ladrilhos coloridos na parede, armários brancos e a mesa de madeira. Assim como a sala, era aconchegante.
– Achei que você gostaria de comer algo solido – minha mãe colocou meu prato. Era alguma coisa com frango, mas eu não estava com paciência para investigar. 
Concordei com a cabeça e dei uma garfada. Não sei se era porque eu acabei de acordar ou realmente minha mãe tomou um jeito para cozinha, mas aquilo estava bom. Era maravilhoso poder mastigar novamente.
– Então, – Helena voltou o puxar assunto – não vai querer visitas aqui também? 
 Respirei fundo e coloquei mais comida na boca, demorando minha resposta. Mastiguei bem devagar e, depois de engolir, respondi:
– Não. Quando eu estiver pronta. 
– Nem mesmo Zayn? – ela soltou um risinho. 
– A regra serve para todos – menti.
A regra não servia para Zayn. Eu tinha uma vontade incontrolável de ver-lo. Não que eu não quisesse ver meus amigos, mas com ele era algo essencial. Eu precisava.
– Bem, você escolhe – ela saboreou a própria comida.
O celular dela vibrou sobre a mesa, fazendo um barulho estranho. Ela olhou a tela e sorriu.
– É Caleb. Volto em um segundinho.
Acho que ela foi para a sala, eu ainda não tinha me familiarizado com essa casa. Nos últimos tempos, não tenho ficado muito tempo em um único lugar. Fiquei um mês em casa, alguns dias no internato e depois dias intermináveis no hospital. Agora eu estava em outro lugar novamente.

Remexi meu prato, pensando no que poderia fazer agora. Será que minha mãe me deixaria fazer uma visitinha ao internato?

Enfiei mais um pouco de comida na boca, mastigando e engolindo rápido. Minha mãe apareceu na cozinha, estendendo o celular para mim.
– Ele quer falar com você – Helena murmurou. 
Puxei o celular e coloquei na orelha.
– E ai? Como você está? – Caleb perguntou, e soltei uma risadinha.
– Tirando o fato que fui atropelada, estou bem – ele riu.
– Rá. Mas falando serio, como você está? – ele perguntou. Olhei de canto de olho para minha mãe, de pé na minha frente. 
– Hum, bem... Tirando umas coisinhas ou outras, sabe como é, né? – soltei um risinho, para parecer mais tranquila.
– Arãm, sei. Sua mãe está agindo como mãe super protetora?
– É, bem isso – ri mais uma vez.
– Vou falar com ela. Sua prisão irá acabar – Caleb riu no outro lado da linha. Minha mãe trocou o peso das pernas e inclinou a cabeça. 
– Obrigada mesmo, mas acho que agora ela quer falar com você. 
Ele se despediu de mim e entreguei e celular para minha mãe, terminando de comer. Me surpreendi realmente com ela ter feito comida sólida para mim.

Enquanto ela ainda falava com Caleb, fugi da cozinha e voltei para a salinha. Meu corpo estava cansado, embora eu tenha acabado de acordar. Sentei-me no sofá novamente, tirando meus tênis.

Iria completar um mês desde que cheguei, e na maioria desse tempo passei longe de todo mundo. A licença de Helena logo iria acabar, e ela teria que voltar. Não sei se ficaria triste ou feliz com isso. Triste porque ela é minha mãe, e nunca tivemos um relacionamento tão bom como estamos tendo agora. Feliz porque eu preciso de liberdade, tenho que começar a viver a vida que me espera aqui.

– Amanha eu vou resolver uns problemas com meus documentos – Helena apareceu na sala, me desconectando dos meus pensamentos – Então você terá que ficar sozinha, se você não se sentir a vontade, posso chamar um enfermeira. 
– Mãe, eu estou completamente bem – a cortei. – Se eu pudesse voltaria a estudar hoje mesmo. 
Ela me olhou por um tempo e inclinou a cabeça.
– Se você quer tando ir para o internato, que mal tem em chamar seus amigos para fazer uma visitinha?
Bufei e revirei os olhos.
 – Se eu voltar, quero voltar de uma vez. 
 Ela estendeu a mão, se rendendo.
– Hm, ok. Se você quiser dormir logo, preparei um quarto para você lá em cima. 
Concordei e zarpei para o andar de cima. Não era muito diferente lá de baixo. O ar aconchegante e quentinho continuava, junto com as paredes claras e o azul bebê no final do corredor. Entrei em uma das portas e vi minhas malas em cima da cama. O quarto era simples e, como toda a casa, aconchegante.

Decidi tomar um banho, espalhando minhas roupas. Pensei que a água quente poderia me relaxar, porém me deixou mais tensa. Coloquei roupas confortáveis e me deitei na cama, olhando para o teto.

Zayn ainda assombrava minha cabeça. Será que eu estaria mais feliz e completa se ele estivesse ficado comigo na minha recuperação? Sei que sinto muita falta dele, e que foi burrice mando-lo ir, mas ele e minha mãe no mesmo espaço ainda era muito sinistro para mim.

As palavras que ele usou alegando ser o culpado pelo meu atropelamento ecoavam pela minha cabeça. De certa forma eu achava que tinha sido muito duro comigo, mas depois de me ver naquele estado, finalmente cedeu.

Me perguntei por um momento se ele não teria cedido se eu não fosse atropelada, mas depois espantei esse pensamento da cabeça.

Enrolei-me no cobertor, esperando o sono vir, mas ele não veio. Vinha apenas a imagem de Zayn, perfeito na minha memoria.




Atenda, atenda, atenda.
– Alô?
– Ah, oi, Izy – respirei fundo – Tudo bem?
Ela hesitou por um momento no outro lado da linha.
– Seunome, é você? Meu Deus, por que não mandou notícias? Você só poder ser louca! Sabe quantas vezes eu tentei de visitar?
Sabia que ela não iria parar de falar, então a cortei:
– Ei, Izy. Está tudo bem comigo, serio. Você poderia me dar uma informaçãozinha? – perguntei, mas antes de receber minha confirmação, lancei: – Zayn está por ai, tipo, no internato?
Izy hesitou novamente e fiquei mais apreensiva.
– Hum, não – a voz dela era calma, ou tentava mostrar-se calma. – Zayn não fica nos finais de semana. Acho que ele está fazendo algum tipo de curso ou sei lá.
– Curso é? – repeti, e pus a mão na testa, completando mais uma volta em torno do tapete – Sabe de que curso? Alguma informação de onde fica? Qual quer coisa. 
– Bem, Liam me disse que Zayn queria fazer esse curso há um bom tempo. Só não sei o que é. Por quê? 
– Eu... eu queria falar com Zayn. É importante. 
– Ah, gostaria de poder ajudar mais então. Ele é tão caladão.
– É, ele é. – mordi o lábio e iniciei mais uma volta no tapete – Muito obrigada, Izy. Logo estarei de volta.
Ela queria prolongar a conversa, mas talvez escutou o tom de desespero da minha voz. Encerrei a ligação e troquei minha trajetória, desda vez indo da cama para a janela, da janela para a cama.

Minha mãe havia saído há meia hora, e então pensei no que poderia fazer. Se ela não me deixava sair, só poderia sair quando ela não estivesse aqui.

Zayn estava fazendo um curso. Ok, curso de que? No que ele era bom ou no que ele queria se aperfeiçoar...

Minha mente estalou. Claro, claro claro.

Zayn estava fazendo um curso de desenho. Claro, era o que ele mais sabia fazer.

Minha mente vasculhou qualquer resquício de memoria de algo que ele tenha me falado. Pense. Pense.

E, de repente, concluí o óbvio.

Zayn estava fazendo um curso de desenho na Mystical Arts.

Desci rápido as escadas, enquanto meu celular me alertava que estava na hora de tomar uma das vitaminas que Helena fez questão que eu tomasse.
 – Sinto muito – murmurei. 
Enquanto eu andava pela sala, vi as chaves do carro alugado de Helena cintilarem. Ela me disse que não sabia chegar ao cartório que resolveria os problemas com os documentos, então deixou o carro em casa.

Minhas mãos coçaram por um estante.

Eu poderia ir até lá dirigindo, não poderia?

Se eu não estivesse tão desesperada para encontrar Zayn, com certeza diria não.

Mas aqui estou eu, com o coração a mil tentando falar o mais rápido possível com ele. Meu tempo já estava se esgotando. Grande parte de mim não aguentava mais isso. Essa distancia.

Peguei as chaves e sai de casa. O tempo estava frio, mas não me incomodei. Liguei o carro de sai do condomínio. Pelo menos eu tinha realmente aprendido a dirigir com Caleb, tirando o fato que o carro era automático.

Respirei fundo e continuei dirigindo, procurando a Mystical Arts no Google Maps.

Por um segundo, tudo o que eu estava fazendo era bobagem. E se a policia me pegasse dirigindo sem carteira? Se eu sofresse um acidente?

Enquanto eu estava preste a dar meia volta, um carro preto cruzou meu caminho. Na realidade, foi como se estivesse passando em câmera lenta. A Land Rover virou a esquerda, e eu mal pude pensar direito, apenas virei também.

Eu poderia estar enganada, ou isso poderia ser mera coincidência.

Tentei manter minha respiração controlada, mas não conseguia. Eu estava estranhamente nervosa com tudo isso. Pensei em parar e estacionar em algum lugar que estivesse mais calmo e sem muitos carros, mas eu só conseguia seguir o carro.

Eu tinha certeza que era ele e, quanto mais tempo eu passava seguindo-o, era menos tempo até encontra-lo.

Segui o carro por mais alguns poucos quilômetros, receosa por dirigir por tanto tempo. Eu não sabia para onde ele estava indo, sinceramente, parei de conferir o Google Maps assim que vi o carro. Se não fosse Zayn – que eu estava certa que era – eu estaria bem encrencada.

O carro virou em uma esquina e logo reconheci o maior prédio da rua. Mystical Arts estava com o mesmo ar de tranquilidade de uma escola normal. Seu jardim estava verde e bem cordado, o arco da entrada recebeu uma nova camada de tinta.

Meu coração acelerou mais um pouco. Entramos no estacionamento e me perguntei se Zayn não prestou atenção que havia alguém o seguindo.

O carro diminuiu a velocidade enquanto procurava uma vaga livre para estacionar. Abaixei os vidros enquanto buzinava uma vez e cheguei bem perto do carro, ainda sem sucesso.

Será que ele não estava me vendo?

Comecei a buzinar freneticamente, tentando olhar para dentro do carro.

Mas que merda!

Continuava buzinado e, de repente, o carro parou. Eu era lerda demais para poder frear junto, e a consequência disso foi caótica.

Bati com tudo na sua traseira, mas o pior foi que eu fui jogada para frente, acertando a testa no volante.

Ouvi um som horrível, enquanto tentava colocar meu sentidos em ordem. Minha cabeça ardia e o som não parava. Quando consegui levantar meu rosto o som parou. Eu estava sobre a buzina esse tempo todo.

Vi o motorista da Land Rover descer, mas para minha surpresa e raiva – muita raiva – não era Zayn.

O cara veio até o meu carro, olhou o estrago que eu fiz na traseira da Land Rover e abiu minha porta.
– Cara, olha só isso! – ele exclamou, olhando para meu carro – Por que você estava buzinando igual uma...
E de repente ele parou de falar. Me encarou e abriu a boca, sem falar nada. Foi ai que eu descobrir que o conhecia. Stuart.
– Que maluquice! – ele disse. 
Seu cabelo loiro estava jogado para cima, muito bem penteado.

Engoli a seco e coloquei a mão na testa, mas tirei imediatamente. Estava ardendo demais.
– Por que você estava dirigindo o carro do Zayn? – perguntei. Essa era a única coisa que veio na minha mente. 
Ele franziu a testa e balançou a cabeça.
– Que pergunta idiota, você estava fazendo o que? – ele me perguntou.  
– Cade Zayn? – perguntei, o ignorando.
Minha cabeça começou a latejar, tão forte que embaçava vinha visão. Stuart resmungou alguma coisa mais eu não conseguia ouvir. Um zunido preencheu meus ouvidos.

Encostei a cabeça no banco, respirando fundo. Como sempre, eu tinha cometido uma besteira. Minha boca começou a secar e Stuart ainda falava. Eu não conseguia entender nada. Fechei os olhos por um momento.

Quando os abri, um mão envolvia meu corpo. Queria que ela continuasse assim pelo resto dos tempos.
– Que merda, Seunome. Por que você só me dá trabalho? – Zayn sussurrou no meu ouvido, enquanto passava as mãos em baixo do meu joelho.
Eu queria rir. Gostaria de gargalhar de felicidade.

Finalmente.

Abri minha boca para falar, porem nenhum som saiu.

Ele me tirou do carro, me carregando pelo estacionamento. Com pouco que eu conseguia enxergar, o carro de Zayn não estava mais na frente do da minha mãe. Virei o rosto quanto passamos pela frente do carro, não queria ver o estrago.

Agarrei-me a Zayn o máximo que podia, ignorando a dor martelante na cabeça. Permaneci de olhos fechados, sentindo seu perfume. Fiquei longe dele por tempo demais.
 – Que besteira dessa vez você estava tentando fazer, hein? – ele murmurou perto do meu ouvido, me fazendo arrepiar. Não sabia distinguir o que tom ele estava usando. Talvez estivesse bem bravo.
Quando juntava minhas forças para forma uma palavra, ele entrou comigo dentro de um carro, me colocando em seu colo, que logo deu partida. Meus olhos pesavam e não conseguia mante-los abertos.
– Onde vamos? – perguntei de olhos fechados, afundando minha cabeça em seu peito. Amava a sensação de telo junto a mim.  
– Ao hospital – ele disse. Sua voz me fez arrepiar novamente. 
Hospital.

Minha mente estalou.
– Não preciso de hospital – gaguejei. 
– Claro que precisa. 
Finalmente abri os olhos. O rosto de Zayn estava um pouco a cima do meu, maravilhosamente lindo. Pensei em ficar admirando-o, mas a palavra hospital rodopiava em minha mente.
– Eu estou bem. 
– Não, não está – ele disse pacientemente, como se falasse com uma criança – Você está com um galo enorme na testa. 
Apenas por ele falar da minha testa ela começou a doer. Me senti tonta e agarrei mais em sua blusa. Esse não era o reencontro que eu esperava, mas pelo lado bom, ele estava comigo.

Respirei fundo, inalando o cheiro da sua blusa, inebriando minha dor. Seu calor emanava para mim de uma forma perfeita. Ele abaixou o rosto, dando um beijo demorado na minha testa de depois descendo para minha bochecha. Fechei meus dedos no pano de sua blusa, para que não acordasse desse sonho dolorido e maravilhoso ao mesmo tempo.

Passei o resto da viagem observando seu rosto e lutando contra a dor na testa.



O carro parou com um pequeno solavanco e novamente ele me tirou do carro. Zayn me carregava como um bebê e me perguntei se ele não estava cansado de fazer isso. Abri os olhos e olhei para seu rosto enquanto entravamos na emergência.
– Por que Stuart estava dirigindo seu carro? – perguntei, mas minha voz quase não saiu. 
Ele deu uma risadinha e me apertou mais contra seu corpo, enquanto passávamos pela entrada da emergência.
– Isso não é importante agora. 
– Mas eu quero saber – murmurei. – Seu carro ficou muito ruim? 
– Não se preocupe com isso agora – ele disse.
De repente, Zayn me inclinou, tentando me deitar na maca.
– Vamos Seunome – ele sussurrou. 
– Não, fique aqui – resmunguei. 
Ele não respondeu, apenas me deixou na maca e desenroscou meus dedos gentilmente de sua blusa.

Eles seguiram comigo por um corredor com lâmpadas fluorescentes, colocadas a dois metros de distancia umas das outras. Meus olhos doeram quando comecei a conta-las, mas minha cabeça inteira estava doendo mesmo.

Um médico de curvou sobre a maca, olhando minha cara com uma careta. Eu estava tão mal assim?

A cama estacionou entre duas cortinas azuis de separação de ambientes.
– Então – ele começou – Com foi que isso ai aconteceu? 
Tive que processar que ele estava falando comigo. Engoli a seco e respondi o mais firme que pude.
– Eu... dei de testa no volante.
Ele anotou alguma coisa na prancheta.
– Hum, você deveria consertar seus airbags então – o médico deu um risadinha e falou para a enfermeira ao seu lado – Raio X do cranio para ser se há alguma contusão. Enquanto isso dê a ela um remédio para dor.
Ele saiu rindo e a mulher veio até mim, me preparando para meu exame. Tudo passou como um borrão de imagens. Quando dei por mim, estava no mesmo lugar que estava quando cheguei. Uma garota era atendida no ambiente ao lado com o braço quebrado.

Respirei fundo enquanto sentia a dor na testa diminuir. Porém ela aumento assim que Zayn apareceu, e ao lado dele, minha mãe.
– O que você tem na cabeça? – Helena me perguntou. Seu tom de voz era baixo e ela cruzou os braços. 
– Eu... – limpei a garganta – Eu só queria sair um pouco.
Ela veio até mim, lendo minhas prescrição.
– A senhorita teve muita, muita sorte. Nunca faça isso novamente, entendeu? Você poderia ter causado acidentes, ser presa e muito mais. Nem queira saber como eu fiquei. Você não poderia ter pegado um táxi? Pedido uma carona? 
As palavras de Helena ecoavam soltas na minha cabeça. Eu sei que ela estava muito zangada com tudo isso, mas nem na bronca dela eu conseguia prestar atenção.
– Você me entendeu, Seunome? – ela me perguntou, mas nem prestei atenção no que ela estava querendo que eu confirmasse. 
– Entendi, mãe. Me desculpe, sei que o que eu fiz foi imperdoável.
Ela assentiu com a cabeça. Ela descruzou os braços e trocou o peso das pernas. Deu uma olhada para Zayn antes de dizer:
– Vou deixar vocês conversarem. 
Ela saiu das cortinas e me deixou com Zayn. Ele deu alguns passos até mim, mas não tão perto quanto eu queria.
– Precisava chama-la? – retruquei.
Ele respirou fundo e concordou com a cabeça.
– Eu e sua mãe fizemos um trato; cuidamos juntos de você. – ele deu una pequena pausa, e chegou um pouco mais perto – Digamos que você arranje sempre muitos problemas e por isso precisamos está preparados. 
Franzi a testa e me arrependi. Enquanto ainda me recuperava da dor, ele sentou ao meu lado na maca.
– Isso é desnecessário – murmurei e passei a mão na testa, sentindo o galo. 
Ele soltou um risinho, e tive certeza de que eu estava horrível.
– Claro que não – sua voz voltou, agora com um pouco de sarcástico. – Acho que você tem uma quedinha por acidentes de carro. 
– Rá rá – rosnei.
Zayn riu e passou as mãos pela minhas costas, beijando meu cabelo. Como em um passe de magica, a dor foi desaparecendo, dando lugar a um bem estar incontrolável.
– Mas eu gosto de cuidar de você. 
Tive certeza que meu rosto ficou vermelho. Essas demonstrações de afeto não era tão normais assim para mim e ele. Encolhi-me na maca para mais perto dele, enroscando-me no seu braço.
– E eu gosto de ser cuidada por você – nem sei como essas palavras saíram da minha boca, porque eu estava muito, muito nervosa. 
Ele soltou um risinho e me abraçou, beijando delicadamente minha testa.

O médico entrou no meu ambiente, abrindo as cortinas. Minha mãe estava ao lado dele, com os braços cruzados.
– Bem, você está liberada, não houve contusão. Faça um compressa com água gelada se o inchaço continuar. Se sentir dor, um analgesico resolve. Sua mãe vai saber cuidar de você – o medico veio até mim e deu um tapinha no meu ombro e no de Zayn – Fiquei sabendo de seu acidente. Tente não fazer mais contusões pelos próximos meses, você ainda está em faze de recuperação. 
Ele sorriu para minha mãe e conversaram em uma conversa de médico que eu não entendia. Zayn soltou uns risinhos.
– O que foi? – perguntei. 
– Você – ele sussurrou. – Você só me arruma preocupação. 
Dei uma cotovelada em sua costela. Minha mãe seguiu com o médico para fora das cortinas. Ela com certeza não tinha acabado com suas parcelas de bronca.
– Só foi um acidente, não tive culpa – disse, enquanto Zayn se levantava da maca. Ele estava usando calça jeans e all stars, bem espontâneo. 
Ele me ofereceu a mão, eu aceitei e levantei. Eu não estava tão tonta como antes, então foi mais fácil ficar de pé.
– Afinal de contas – Zayn segurou meus ombros e depois tirou uma mecha de cabelo do meu rosto, – por que você saiu desesperada com o carro alugado da sua mãe?
Ele me encarou, um pouco curioso e ao mesmo tempo preocupado. Gostaria muito de inventar uma historia, dizer que bebi alguma coisa e fiquei doidona. Porque não havia nenhum explicação para esse eu surto de loucura. Na verdade, havia uma.

Fiz essa besteira unica e exclusivamente pelo meu distúrbio de amar Zayn demais. Eu fico completamente impulsiva quando se trada dele. Não consigo enxergar nada, apenas ele. Sei que fico idiota fazendo esse tipo de coisa, mas para mim, ele é tudo.
– Eu... bem, queria dirigir. – fiz uma careta e ele me olhou, e, com certeza, não acreditou em mim – E também queria te ver. Tipo, queria te ver naquela hora. Muito. 
Ele tentou esconder um sorrisinho e desvirou o olhar.
– Por que você não me ligou? Poderia ir encontrar você naquela mesma hora. 
– Eu não tinha seu número mais – admiti. Eu tinha apagado do celular antes de voltar para casa. 
Ele concordou com a cabeça e engoliu a seco. Baixou as mãos e acariciou meus braços, delicadamente.
 – Hum, certo – ele disse, dando um pequeno sorriso amarelo sobre o que admiti – Irei deixar passar dessa vez, mas acho que sua mãe não vai. 
Fechei os olhos e respirei fundo. Minha mãe iria ficar mais em cima de mim do que estava antes. Me coloquei para frente, escondendo a cabeça no peito de Zayn. Ele estava com o cheiro dele, perfeito para mim.
– Promete que não vai fazer esse tipo de burrada de novo? – ele perguntou, passando a mão sobre meu cabelo.
– Não fiz uma burrada – constatei e depois vi que ele estava certo. – Quer dizer, talvez um pouco. Mas mesmo assim, prometo.
Ele beijou o topo da minha cabeça, demorando e fazendo sua respiração bater contra minha pele. Eu estava bem agora e ele também. O que poderia pedir mais?
– Pode me beijar? – pedi. 
Zayn apertou mais seus lábios contra minha cabeça, e depois foi descendo os lábios, passando pelo meu nariz e finalmente minha boca. Senti meu corpo ganhar vida novamente. Eu o amava e ali tinha certeza que não era algo pequeno. Era enorme, tanto que me preenchia de todas as formas. Ninguém poderia entender e eu nem queria isso. Queria apenas que ele me amasse igual de volta – e sei que amava.

Eu o amava e ele me amava. E isso bastava.


CONTINUA...

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Capitulo bem chato para vocês porque minha vida é chata. 

Bem, pois é. 

Tipo assim, é aquela mesma ladainha que eu venho falando desde sempre. 

Minha vida é uma merda e eu não tenho tempo. Fim. 

POREM EU AMO ESCREVER BAGARAI. 

E por isso estou aqui. NÃO DESISTAM DE MIM POR FAVOR. 

Sobre o nosso queridinho protagonista dessa humilde fanfic, ex-integrante da One Direction e futuro marido da Perrie, gostaria de mandar o meu mais sincero FODA-SE VAI PRA PUTA QUE PARIU SEU FILHO DE UMA MÃE SEU DESGRAÇADO ESCROTO. 

Ele saiu e me fodeu. Fim. 

Eu fiquei ruim? Fiquei. Caralho eu fiquei muito ruim. Mas agora eu fiquei tipo, foda-se, quem tá perdendo é você. 

Sei que ninguém quer saber o que eu achei disso, mas tudo bem. Obrigada mesmo. 

Zayn é um filho da puta, lembrem-se disso. 

A FANFIC TÁ ACABANDO MEU POVO. MAIS DOIS CAPÍTULOS E ACHO QUE É O FIM :/ 

Eu amo vocês, com todas as minhas forças. 

Obrigada. 

Ganhei um celular, então falem comigo no WhatsApp 21 989734842 


COMENTEM ALGUMA COISA? QUALQUER COISA. 


EU AMO VOCÊS, DEMAIS PORRA <3


@ziampau & @ziamaricas